FHC: não se pode baixar taxa de juro por decreto

09/07/2002 - 19h16

Rio de Janeiro, 09 (Agência Brasil – ABr) – O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira, no Rio, que o governo não pode baixar taxa de juros por decreto. "É preciso um pouco mais de segurança. É preciso continuar com o controle do orçamento, é necessário contar com um regime tributário e fiscal que seja mais competente e um regime monetário compatível com o país atual. Porque senão vêm algumas agências de 'rating', alguns jovens que mal conhecem a realidade mas fazem alguns cálculos, algumas vezes a partir de pressupostos bastantes duvidosos e baixam a nota de um país inteiro", assinalou Fernando Henrique.

Na avaliação do presidente, "falta muito para que se tenha segurança e, efetivamente, menos vulnerabilidades. Que não se constituem por um ato de vontade presidencial, mas sim por uma prática continuada. Falta taxa de investimento? Falta. Mas a taxa de investimento no país passou de 13 para 20% do PIB – hoje isto significa mais um menos US$ 120 bilhões de dólares por ano".

Ele considera um profundo engano achar que este investimento seja fruto do investimento estrangeiro. "O investimento estrangeiro direto é de cerca de US$ 20 bilhões. Ajudam, mas é um profundo engano pensar que o que esta acontecendo é fruto do investimento estrangeiro. Não é. É produto do investimento doméstico".

Fernando Henrique Cardoso lembrou, ainda, que o governo federal criou uma rede de proteção social, através de programas de transferência de recursos para os mais pobres, que hoje já movimenta cerca de R$ 30 bilhões em iniciativas como a Bolsa-Escola, a Bolsa-Alimentação e o Programa de Aposentadoria Rural.

"É a primeira vez na história do país que se cria um mecanismo continuado de transferência direta de renda através dos canais governamentais. Isto foi possível a partir de um plano de estabilização que veio a chacoalhar e despertar a sociedade".

No que diz respeito à questão da luta contra a desigualdade e a transferência de renda o governo vem fazendo a sua parte, afirma o presidente. "Como é que não se distribui renda, quando se transfere estes cerca de R$ 30 bilhões em programas sociais. Como é que um governo pode trabalhar mais para distribuição de renda. O resto é crescimento econômico. É emprego. É melhores salários – que corresponde, portanto, à sociedade como um todo e não ao governo". (Nielmar de Oliveira)