São Paulo, 2 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, afirmou hoje, nesta capital, ao participar do seminário "Políticas de Desenvolvimento" ser "perfeitamente possível" reverter, num prazo de 30 meses, a atual categoria de alto risco e colocar o país em condições de ser visto como uma nação de baixo risco de investimento. "As bases para isto estão lançadas, muitas conquistas já nos dão hoje uma alavanca para atingir este objetivo e o que está faltando é atingirmos um pouco de coesão, de visão, de perseverança para chegarmos lá e acredito que seja possível se formos agressivos e disciplinados ao longo desse período", justificou Fraga.
Fraga reconhece que há uma certa falta de liquidez no mercado e sinais desfavoráveis, mas que podem mudar. Em sua avaliação, predomina um pessimismo exagerado no mercado. Fraga defende que é necessário rebater este quadro, olhando a economia de forma mais global, sem perder de vista a trajetória das últimas décadas. E, para que não haja que não haja qualquer dúvida, disse, o governo está procurando transmitir a sua capacidade de preservar no caminho do consenso, de responsabilidade e transparência na condução da política econômica. Fraga informou que, na semana que vem, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, estará embarcando para a Espanha, e ele, para os Estados Unidos, com o objetivo de tranqüilizar os investidores.
A atual situação de incertezas, segundo sua avaliação, é natural dentro dos movimentos cíclicos em que as boas notícias demoram a surtir efeito como o resultado do saldo positivo da balança comercial. Perguntado se o Brasil seria a "bola de vez" respondeu que, para quem acompanha o mercado, é muito difícil colocar o país nessa berlinda. Fraga observou que há problemas em várias partes do mundo, inclusive, em grandes potências como o Japão e até os Estados Unidos. Além disso, destacou o fato de o Brasil estar vivendo um momento de transição com as eleições para a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, que esteve à frente da condução do país por dois mandatos.