Aids leva países ''à beira do abismo''

02/07/2002 - 16h33

Brasília, 2 (Agência Brasil - ABr/Lusa) - Relatório divulgado hoje pela agência das Nações Unidas contra a Aids (Unadis) afirma que muitos países estão "à beira do abismo" por causa da doença. Segundo o documento, a magnitude da epidemia supera as piores previsões feitas há uma década. Desde 1981, 20 milhões de pessoas já morreram de Aids em todo o mundo. Se esforços de prevenção e tratamento contra a Aids não forem feitos nos 45 países com as maiores taxas de infecção da doença, a estimativa é que 20 milhões de pessoas morram entre 2000 e 2020. As informações são da agência Lusa.

A Unaids calcula que cinco milhões de pessoas, entre as quais 800 mil crianças, foram infectadas com o vírus HIV em 2001. A doença cresce mais entre jovens e adultos de 15 a 24 anos. Doze milhões de jovens vivem no mundo com o vírus HIV e a taxa de infecção diária é de seis mil. Segundo a Unaids, grande parte dos jovens ainda não recebem informações suficientes sobre a Aids.

Um outro dado do documento aponta que, no final de 2001, só 4% dos portadores do vírus HIV em países em desenvolvimento tinham acesso a medicamentos para tratar a doença no final. Em países ricos, onde cerca de 500 mil recebem medicamentos antiretrovirais, 25 mil pessoas morreram de Aids no ano passado. Na África, onde apenas 30 mil das 28,5 milhões de pessoas infectadas recebem os medicamentos, 2,2 milhões de pessoas morreram em 2001.

O relatório observa que a maioria dos países da América Latina está conseguindo universalizar o acesso aos medicamentos para os portadores do vírus HIV. Cerca de 170 mil pessoas recebem os remédios na região, a maioria delas no Brasil, diz o documento.

Os novos dados apresentados no "Relatório sobre a Epidemia Mundial de HIV/Aids" contrariam a teoria de que a epidemia poderia "se estabilizar " nos países mais afetados devido a uma diminuição do conjunto de pessoas expostas ao risco de contágio. O relatório afirma que a epidemia continua crescendo mesmo em países que já apresentavam índices de prevalência do vírus muito elevados. Ainda, segundo o relatório, a Aids cresce mais na África, Ásia, no leste europeu e no Caribe. Em Botsuana, no continente africano, 39% da população está infectada com o vírus HIV.