Brasília, 29 (Agência Brasil - ABr/CNN) - Em desafio a uma das convicções mais rígidas da Igreja Católica, o movimento dos carismáticos ordenou, neste sábado, sete mulheres sacerdotes da Alemanha, Áustria e Estados Unidos, em cerimônia testemunhada por 300 convidados.Várias das ordenadas são doutoras em teologia, formadas em um seminário na cidade austríaca de Linz por catedráticos católicos.
No grupo das sacerdotes destacava-se uma religiosa de uma ordem da Igreja Católica Romana, que vive na clausura e cuja identidade não foi revelada para evitar sanções do Vaticano. A cerimônia, que teve duas horas e meia de duração, aconteceu a bordo de um barco no rio Danúbio, na fronteira entre Alemanha e Áustria e foi presidida pelo arcebispo argentino Romulo Braschi.
A Conferência Episcopal austríaca declarou a ordenação inválida. "Um pequeno grupo de mulheres quis forçar o caminho até a ordenação, depreciando o ensino e tradição da Igreja Católica", informou a agência de notícias católica austríaca Kathpressm, citando uma declaração da Conferência. Referindo-se ao Segundo Concílio Vaticano, os bispos lembraram que, "conforme o ensino da Igreja Católica, o sacramento da ordenação só pode ser concedido a homens".
O arcebispado de Munique classificou a cerimônia como um "espetáculo de seitas". Já Braschi, de 60 anos, afastado da Igreja Católica Romana durante a ditadura militar argentina, mas nunca expulso ou excomungado pelo Vaticano, expressou, em uma entrevista à France Presse, sua compreensão pelo "nervosismo" das autoridades católicas.
"Roma acostumou-se a classificar de seitas tudo que não seja seu", sustentou Braschi. "Mas, se recordarmos a história, o cristianismo nasceu como um desmembramento da religião judaica e teve uma origem que, se nos guiarmos pela própria definição, teria sido então também sectária", prosseguiu.
A Igreja Católica Apostólica Carismática Jesus Rei reúne 13.000 fiéis da Europa, América e África, e tem sua sede em Munique.
No começo de 2003, o movimento ordenará pela primeira vez três mulheres latino-americanas – uma do Brasil, outra da Argentina e a terceira, do México.
As informações são da CNN com France Press.