Elementos radioativos serão usados no combate à praga agrícola

27/02/2002 - 21h05

Brasília, 27 (Agência Brasil - ABr) - Um grupo de quatro especialistas, criado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), apresentou, hoje à tarde, no auditório do Ministério da Agricultura, um seminário para divulgar o projeto de construção de uma biofábrica que visa combater a mosca do mediterrâneo, também conhecida como "mosca das frutas". Esta espécie de inseto é considerada uma das maiores pragas do mundo na agricultura e causa prejuízos de milhões de dólares por ano aos produtores brasileiros.

A biofábrica produzirá 200 milhões de moscas estéreis por semana para erradicar a praga das áreas selecionadas, em todo o território nacional. Segundo os especialistas, a esterilização dos insetos machos provoca queda na taxa de fertilidade da espécie, proporcionando, após um período, o desaparecimento total da praga.

Para a esterilização das moscas serão utilizados os elementos radioativos cobalto e césio. Devido à dificuldade para encontrar cobalto, o elemento mais utilizado na biofábrica brasileira será, provavelmente, o césio. A responsável pela vigilância das condições de segurança destes elementos é a Comissão Nacional de Energia Atômica.

Outros países já possuem fábricas semelhantes a do projeto brasileiro. Governos como o dos Estados Unidos, Japão, Austrália e Israel já adotaram as biofábricas e vêm recebendo, de acordo com os especialistas, resultados positivos.

O ministro da Agricultura, Pratini de Morais disse hoje, durante o seminário, que o projeto deve ser implantado o mais rápido possível. Ele convocou, inclusive, uma reunião nesta quinta-feira, para estudar um plano que agilize a implementação do projeto. Segundo o ministro, a biofábrica vai reafirmar o potencial "extraordinário" brasileiro no ramo frutífero, além de impedir que outros países utilizem a praga do inseto para aplicação de barreiras sanitárias às frutas produzidas no Brasil.

Para escolher o local de construção da biofábrica, o grupo de especialistas considerou critérios como o manejo de resíduos do solo e a disponibilidade de eletricidade. A área escolhida foi um espaço de cinco hectares próximo a cidade de Juazeiro, na Bahia. (Igor Marx)