Polícia Civil não tem mais dúvida de que mãe adotiva foi quem levou Pedrinho

14/11/2002 - 15h37

Brasília, 14/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Civil do Distrito Federal não tem mais dúvida de que foi Vilma Martins Costa, a mãe adotiva do adolescente Pedrinho, quem o retirou do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, há 16 anos. A declaração foi feita hoje pelo delegado responsável pela comissão que apura o caso Pedrinho, Hertz Andrade.

Segundo o delegado, Vilma até chegou a admitir, em conversa informal, com a polícia que foi ela levou o bebê, que tinha apenas 13 horas de vida. "Depois de horas de conversa com ela, Vilma disse que tinha algo a dizer à polícia, mas que, antes de dar depoimento, tinha de ir em casa falar com os filhos", afirmou o delegado. Só que Vilma não retornou e uma de suas filhas, acompanhada do advogado, disse que ela não prestaria mais depoimento.

As suspeitas são várias. Além disso, a semelhança de Vilma com o retrato falado da seqüestradora, feito na época, é muito grande. O depoimento da testemunha que estava no hospital no dia do seqüestro e ajudou a fazer o retrato falado também reforçou as suspeitas. Essa testemunha, que reconheceu Vilma como a seqüestradora, há havia sido chamada outras vezes pela polícia para identificar outras suspeitas no caso.

Também confirma o envolvimento de Vilma no caso o depoimento feito, ontem à noite, em Goiânia, por um homem que se diz parente de Vilma. Segundo Hertz Andrade, esse homem declarou à polícia que trouxe Vilma a Brasília, em janeiro de 1986, e, logo ao chegarem à capital federal, foi dispensado por ela. Pedrinho foi seqüestrado na mesma época: em 21 de janeiro de 1986.

O delegado ainda quer conversar com outras testemunhas para colher mais provas do suposto envolvimento da mãe adotiva de Pedrinho no seqüestro.

Se for confirmado que Vilma Martins Costa foi quem roubou Pedrinho da maternidade, ela não poderá mais ser condenada, porque este crime prescreveu em 1994. Ela pode, entretanto, ser responsabilizada por registro falso de nascimento, uma vez que o garoto já havia sido registrado em Brasília como Pedro Rosalino Braule Pinto. E, três meses depois de seu nascimento, Pedrinho foi registrado como filho legítimo pelos pais adotivos, com o nome de Oswaldo Martins Borges Júnior.

Vilma disse à polícia, logo após a divulgação do resultado do exame de DNA, que confirmou a paternidade de Jairo Tapajós Pinto, que Pedrinho chegou a seus braços trazido pelo marido, que o tinha ganhado de um gari.

Pedrinho já telefonou duas vezes para o pai biológico, Jairo, que mora em Brasília, pedindo ajuda para que nada de ruim acontecesse à mãe de criação. Jairo Tapajós pediu que o filho não se envolvesse nas investigações e prometeu que nem ele, nem sua esposa Maria Auxiliadora participariam da averiguação.