Presidente defende Argentina e diz que país precisa de apoio

16/11/2002 - 7h32

Bávaro (República Dominicana), 16/11/2002 (Agência Brasil – ABr) – O presidente Fernando Henrique Cardoso saiu hoje em defesa da Argentina e conclamou todos os parceiros ibero-americanos a assumirem posição semelhante frente ao mercado internacional. Para o presidente, a Argentina não quitou parte de sua dívida com o Banco Mundial (Bird) por estrita falta de condições para saldar a parcela e não porque não queira honrar seus compromissos internacionais. Ao contrário, Fernando Henrique lembrou que os argentinos insistem em reafirmar suas intenções de pagamento de dívidas, mas não o fazem porque sem o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) fica impossível levantar recursos para os pagamentos.

"Acredito que devemos - como sempre o Brasil tem feito – dar apoio à Argentina. Ela está insistindo em dizer que não quer o default (calote), que ela não tem dinheiro. Ela não está se recusando a pagar, não quer declarar que não quer pagar. Ela está apenas buscando um meio de resolver a questão", disse.

O governo argentino anunciou no último dia 14 que não tem como pagar uma parte da dívida com o Bird referente a US$ 805 milhões. De acordo com o governo daquele país, o único pagamento feito foi relativo aos juros da dívida que somam US$ 79,2 milhões. O Bird divulgou nota oficial na qual afirma manter a confiança nos argentinos apesar do calote temporário, mas lembrou que enquanto a situação não for normalizada, "as políticas do banco em relação a pagamentos atrasados serão aplicadas"

Questionado pelos jornalistas estrangeiros sobre os impactos que o calote argentino poderia ter na credibilidade do Brasil frente ao mercado internacional, Fernando Henrique evitou fazer comentários, mas descartou a definição de que o país enfrente uma crise de "extrema" vulnerabilidade". Na sua avaliação, não há razões para temores em relação ao Brasil porque o país está com uma dívida pública menor que a registrada ao assumir o governo, além de ter reduzido sua vulnerabilidade externa.

"Eu acho que essa é uma visão que foi desenvolvida no Brasil, mas que não corresponde à realidade. Na questão da dívida pública brasileira, qual é a nossa situação? Ela é menor que em 94 e corresponde mais ou menos a 10% do PIB. Nós não temos dificuldades, nossas reservas são elevadas e agora, com superávit comercial de US$ 11 bilhões, é mais fácil manter a situação sobre controle", explicou.

Sob esta mesma perspectiva, o presidente lembrou que a "chamada brecha externa", que já chegou a US$ 33 bilhões, hoje é de pouco mais de US$ 12 bilhões. "Como este ano, que é um ano ruim, estamos recebendo investimentos estrangeiros da ordem de US$ 16 bilhões, qual é a dificuldade?", questionou.