Brasília, 16/11/2002 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O Exército israelense reocupou, neste sábado, todas as áreas palestinas da cidade de Hebron, na Cisjordânia, em resposta a uma emboscada que na véspera causou a morte de 12 judeus e feriu 16 que seguiam para orações no Túmulo dos Patriarcas. As forças israelenses haviam se retirado da parte palestina de Hebron há duas semanas.
O grupo militante Jihad Islâmica assumiu a autoria do atentado, no qual três civis e nove policiais e soldados morreram. Na primeira reação à emboscada, um helicóptero do Exército de Israel disparou quatro mísseis contra uma fábrica no centro da Cidade de Gaza, reduzindo-a a escombros.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) alegaram que a instalação fabricava armas utilizadas em ataque terroristas. Líderes palestinos ainda não comentaram a acusação.
Pouco depois, no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, o filho adolescente de um dos líderes da Jihad Islâmica foi morto a tiros por soldados israelenses.
Segundo fontes da segurança palestina, os soldados invadiram o local com tanques e veículos blindados. As IDF disseram, por sua vez, que soldados trocaram tiros com palestinos armados perto do campo, matando um deles.
Em Nablus, também na Cisjordânia, o Exército israelense deteve e interrogou palestinos que desrespeitaram um toque de recolher.
A violência prosseguiu nos limites do campo de refugiados de Balata. Tanques e soldados israelenses fizeram disparos para abrir caminho para sua entrada no acampamento, causando a morte de uma mulher de 21 anos que estava em casa.
Hebron, uma das mais conturbadas cidades no conflito árabe-israelense, viveu uma noite de terror na sexta-feira, ao início do Sabbath, a folga semanal dedicada pelos judeus às orações.
Os autores do atentado abriram fogo do alto de uma colina na seção sob controle palestino de Hebron, segundo as forças de segurança israelenses. Todas as vítimas estavam na área sob controle de Israel e seguiam em comboio para o Túmulo dos Patriarcas.
Hebron foi dividida por conta de um acordo firmado em 1997. Cerca de 450 colonos judeus vivem na cidade, rodeados por 130.000 palestinos, 30 mil dos quais moram em áreas sob controle israelense.
Entre os militares mortos estava o comandante da brigada da Divisão de Judéia, o oficial israelense de maior hierarquia na região.
Enquanto soldados corriam para ajudar as vítimas, os extremistas dispararam novamente, matando vários dos integrantes da equipe de salvamento.
O chefe de operações da Jihad Islâmica na Síria, Abdallah Shalah, afirou que o objetivo do ataque foi vingar o assassinato de Iyad Sawalcha, ocorrido há uma semana.
Sawalcha, segundo Israel, era o mentor de diversos atentados que deixaram dezenas de mortos e feridos.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, divulgou um comunicado por escrito, condenado os últimos incidentes de violência em Hebron.
Annan se disse "horrorizado com o desprezível ataque terrorista" e fez um apelo a "todos os grupos palestinos para que cessem tais atos de violência sem sentido".
As informações são da CNN.