Bávaro (República Dominicana), 16/11/2002 (Agência Brasil – ABr) – Os países do Mercosul e da Comunidade Andina aproveitaram o encontro na XII Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo para negociar a possibilidade de concluírem um acordo-quadro entre os dois blocos para ser assinado até o final do ano. A expectativa, segundo o ministro do Desenvolvimento, Inddústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, é de assinar o acordo-quadro na próxima Cúpula do Mercosul, que está marcada para os dias 5 e 6 de dezembro em Brasília.
Sérgio Amaral, que negocia pelo lado brasileiro, explicou que a conclusão do acordo-quadro é o ponto de partida para a assinatura de um Acordo de Livre Comércio entre os dois blocos, porque ele contém as regras básicas de troca comercial entre os países. A questão tarifária, no entanto, será negociada em separado, como foi feito recentemente com o México. Neste caso, devido aos impasses relativos a uma série de produtos, Brasil e México conseguiram firmar um acordo bilateral que contém uma extensa lista de produtos com tarifa comum além do acordo automotivo.
Além das conversas entre Mercosul e a Comunidade Andina, os ministros de Comércio Exterior do Mercosul aproveitaram para oferecer aos países centro-americanos e caribenhos a possibilidade de concluir uma negociação semelhante à que está sendo feita com os andinos. Segundo Amaral, a Guatemala já indicou, inclusive, a intenção de negociar sozinha com o Brasil, na tentativa de fechar um acordo bilateral o mais rápido possível. No caso dos andinos, representantes do governo do Peru viajam esta semana para Brasília para negociar os termos de um acordo comercial com o Brasil, que poderá vir a ser substituído pelo acordo entre blocos tão logo ele seja assinado.
"Isso significa que vamos deixar encaminhado para o futuro um processo de integração comercial que, no fundo, é a integração da América Latina", disse o ministro brasileiro ao explicar que o Brasil deixou em aberto a possibilidade das Guianas e do Chile integrarem o acordo. A negociação de novos acordos bilaterais e entre blocos faz parte da estratégia do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso de aumentar as exportações brasileiras por meio da diversificação de parceiros comerciais no exterior.
Amaral ainda revelou que na proposta brasileira feita aos países centro-americanos, o país sinalizou a possibilidade de oferecer 40% de preferência nas trocas comerciais ao passo que o mercado brasileiro terá 20% de contrapartida. A Guatemala gostou da proposta e pretende fechar um acordo bilateral com o Brasil ainda este ano.
Quanto aos andinos, o Brasil não ventilou a possibilidade de trabalhar com simetrias tarifárias, mas segundo Amaral, o país está disposto a ser flexível em questões como os produtos agrícolas. Devido à importância do tema para os países andinos, o Brasil poderia aceitar uma transição do sistema de banda de preços para um sistema mais aberto. O saldo do comércio do Brasil com os países da Comunidade Andina (Peru, Bolívia, Venezuela, Equador e Colômbia) atualmente é superavitário.