Índios debatem mais participação nas decisões do país

18/11/2002 - 17h11

Brasília, 18/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - Índios do Brasil, Colômbia, Bolívia e Guatemala reúnem-se nesta terça-feira, em Brasília, para debater a participação de lideranças indígenas nos legislativos federais, estaduais e municipais dos países da América do Sul. Segundo o coordenador das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), Sebastião Haki Manchineri, o objetivo do seminário "Índios e Parlamentos" é trocar experiências entre o Brasil e outros países". Com a troca de informações, poderemos nos orientar melhor, disse.

Segundo o coordenador da Coica, a participação política indígena no Brasil ainda é muito pequena e dispersa, diferente do que acontece nos outros países. "Na Guatemala, por exemplo, existe um ministro índio. Na Colômbia, há representantes indígenas no Senado. Na Bolívia, eles estão na Câmara e no Senado, enquanto no Brasil, temos apenas alguns vereadores, poucos vice-prefeitos, um suplente de deputado federal e um suplente de senador". Para Manchineri, tudo isso ainda é insuficiente, e os países precisam reverter o quadro, com uma política que valorize os índios.

Nesta segunda-feira, os índios fizeram uma avaliação das eleições de 2002. Para o líder Makuxi, José Adalberto Silva, a sociedade é preconceituosa, razão pela qual o crescimento intelectual e profissional de um índio não seria bem visto. "Além do preconceito do homem branco, há também o preconceito dos próprios índios. Temos 13 mil eleitores indígenas e não conseguimos eleger ninguém. O nosso povo tem de aprender a ser mais confiante."

O fundador do movimento indígena no Brasil, articulador do grupo de trabalho sobre povos indígenas na ONU e coordenador-geral dos Direitos Indígenas da Fundação Nacional do Índio(Funai), Marcos Terena, em sua análise, também criticou a falta de confiança indígena. "Se o índio não vota nele, quem é que vai votar? Temos que ter postura, acreditarmos em nós mesmos. Com 700 mil índios no Brasil, nunca conseguimos eleger um deputado estadual."

Para o líder do povo tupiniquim, Evaldo Santana, o que está faltando é postura das lideranças indígenas. "Se o índio quer ganhar, ele precisa ir às aldeias, visitá-las, conhecer as comunidades. Mas acredito que esse comportamento entre os candidatos indígenas já está mudando." A sugestão do encontro é formular uma proposta para direcionar a atuação dos índios.