Brasília, 19 (Agência Brasil - ABr) - A estabilidade econômica tornou o país competitivo e está possibilitando o crescimento das exportações, inclusive este ano, a despeito da estagnação do comércio mundial. A avaliação foi feita hoje pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral.
O ministro participou da sessão solene de abertura da Cúpula Parlamentar de Integração Continental, na Câmara dos Deputados, que reúne até amanhã (20), trinta e cinco presidentes de legislativos do continente para debater a participação dos parlamentos na integração econômica e política nas Américas, principalmente, com relação a possível criação da Área de Livre Comércio (Alca).
Amaral destacou que em 2001, as vendas de produtos brasileiros para a China cresceram 75% e 170% para a Índia. Ele voltou a defender a continuação da política agressiva para a conquista de novos mercados, com base na competitividade dos nossos produtos.
O ministro lembrou que a política econômica do atual Governo reduziu o déficit nas contas externas de US$ 33 bilhões, no período de 1997/98 para US$ 8 bilhões/US$ 9 bilhões, este ano, melhorando a relação com o PIB, de mais de 5% para menos de 2%. Ressaltou que esse ajuste era esperado só para os próximos quatro anos.
Na ocasião, Amaral observou que a alavancagem das exportações é prioridade para toda a América Latina, que terá este ano crescimento negativo de cerca de 1%, além de enfrentar a estagnação econômica mundial e as pressões protecionistas. Outras "ameaças sérias e difíceis", para a região, citadas por ele, são a volatilidade e as crises mais freqüentes no mercado financeiro, que na sua opinião, afetam as linhas de crédito para exportação, os recursos para desenvolvimento e o risco país.
Para o ministro, no atual contexto de incertezas é difícil prejulgar os resultados da Alca e do equilíbrio das negociações. "Me parece sensato nos prepararmos adequadamente para as negociações", recomenda. Ele defende uma ampla avaliação dos impactos de acordos com grandes blocos econômicos na economia e no mercado de trabalho brasileiro. Nesse sentido já encomendou uma pesquisa que deverá ser divulgada no início de dezembro.
Amaral vê como fundamental a participação do parlamento brasileiro nas negociações com os blocos econômicos. Para ele, em nenhum momento houve negociação com tanto impacto na vida das pessoas como poderá ocorrer agora, no caso da Alca. "Fico mais tranqüilo com o acompanhamento do Congresso", destaca.
O presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, entende que "um projeto de integração envolve repercussões econômicas e políticas tão abrangentes quanto permanentes e que a formulação escolhida pode acarretar profundas transformações no intricado tecido social, com setores inteiros que podem se ver subitamente beneficiados ou prejudicados".
Acrescenta o presidente da Câmara, que o padrão de demanda por mão-de-obra podem sofrer alterações imprevistas, além da ocorrência de transferências intersetoriais de renda de alcance e direção desconhecidos. "Na ausência da participação do povo no processo decisório, todas essas profundas transformações pode ter lugar sem a indispensável sanção da respectiva sociedade", alerta.