Brasília, 19/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - O navio de apoio oceanográfico Ary Rongel aportou ontem (18) na Estação Antártica Comandante Ferraz, levando 14 cientistas brasileiros que participam desta primeira etapa da Operação Antártica XXI, que teve início no último dia 29, com a saída do navio do porto do Rio de Janeiro. Houve uma escala de uma semana em Rio Grande (RS).
Na escala Boufort, que mede a amplitude das ondas do mar e tem gradação de 0 a 10, o Ary Rongel enfrentou, na chegada ao mar austral, mar 9, ou seja, enorme turbulência. O estreito de Drake, no entanto, mar considerado mais turbulento do planeta – povoado por monstros e considerado o fim do mundo nas fantasias dos povos antigos – estava tranqüilo durante a passagem dos brasileiros.
A entrada na Baía do Almirantado, onde está instalada a estação brasileira se deu em clima de muita névoa e frio. O vento forte impediu o desembarque imediato dos passageiros, mesmo com o navio atracado.
Hoje começaram, de fato, na Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz, as pesquisas relacionadas às atividades desta operação. Mas, na verdade, as pesquisas nunca param em Ferraz: além dos 14 cientistas que desembarcaram ontem, outros 11 estavam na estação, alguns deles tendo passado ali todo o inverno antártico. Os pesquisadores recém chegados também já haviam começado suas pesquisas desde a saída do navio, realizando coletas de sedimento, água e ar ao longo do trajeto.
No próximo domingo, sai do Rio de Janeiro o primeiro vôo de apoio da Operação XXI – ao todo, serão sete, ao longo de um ano, quatro no verão e três no inverno. Esta operação apoiará 130 pesquisadores dentro de 29 projetos de pesquisa.
Desses 29 projetos, sete já haviam sido iniciados em anos anteriores. 22 começam agora, com uma novidade: pela primeira vez o Programa Antártico Brasileiro trabalha com pesquisa induzida. Ou seja, os cientistas irão investigar, na Antártica, o que a política pública considera importante, dentro de uma estratégia científica, para o Brasil.
Dentro dessa ótica foram criadas duas redes de pesquisa, com recursos provenientes do Ministério do Meio Ambiente e bolsas do CNPq: a Rede 1 irá investigar os reflexos, na Antártica, das mudanças ambientais globais. Por sua situação geográfica – ambiente remoto e preservado – e por ser muito sensível a qualquer alteração ambiental, a Antártica torna-se o maior e melhor laboratório natural do planeta, onde o homem pode comprovar a gravidade de ações que estão sendo feitas em outros continentes e analisar as possíveis conseqüências.
A Rede 2 irá estudar o impacto ambiental local, ou seja, de que forma a presença humana já provoca alguma alteração na Baía do Almirantado, que é uma área especialmente gerenciada, por acordo internacional do qual o Brasil é signatário.
O Programa Antártico Brasileiro é desenvolvido por um grupo de parceiros institucionais, entre eles o Ministério da Ciência e Tecnologia e o CNPq e coordenado pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), da Marinha do Brasil.