Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A imagem da mulher na publicidade brasileira parou no tempo. Em pleno século 21, especialistas avaliam que a propaganda estacionou em 1950 – quando as imagens relacionavam mulheres jovens, bonitas e felizes ao trabalho doméstico – época em que o casamento podia ser anulado se a noiva não fosse virgem e mães perdiam a guarda dos filhos quando iniciavam outro casamento.
Com olhar especial para a mídia, a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Lola Aronovich disse que a publicidade não acompanhou a escalada da escolarização feminina, a ascensão no mercado de trabalho e as mudanças no perfil da família brasileira. Os avanços, observa Lola, pouco modificaram os hábitos familiares: as tarefas domésticas continuam recaindo, na maioria das vezes, sobre as mulheres. “Isso mudou pouco”.
Autora do livro recém-lançado A Imagem da Mulher na Mídia: Controle Social Comparado, Rachel Moreno explicou que a publicidade se apropriou do poder de persuasão dos estereótipos, construídos em décadas passadas, e do peso das mulheres nas decisões de compra das famílias: 85% dos bens adquiridos decorrem de decisões femininas, de acordo com pesquisas mercadológicas. “Mesmo que seja uma cueca, a publicidade é voltada para mulher”, disse.
Para Lola Aronovich, a publicidade mostra produtos de limpeza, domésticos, em geral, “sendo usados com prazer pela mulher, que sempre aparece sorrindo, limpinha, mesmo que para muitas as tarefas domésticas não sejam tão realizadoras”..
No cerne do problema, no raciocínio da professora da UFC, pesa a situação de o mercado publicitário ser comandado majoritariamente por homens. Há poucas mulheres na área de criação, situação que não é exclusiva do Brasil. Tal fato, a seu ver, se reflete na maneira como a mulher é retratada na publicidade. “Ou se está fingindo que não vê, ou não gostam das mudanças conquistadas”.
Rachel Moreno acha que as agências de publicidade não são a única ponta do problema. Segundo ela, empresas que contratam a publicidade deveriam ser responsabilizadas sobre o conteúdo das peças. É o que acontece no Peru, onde a “responsabilização” está determinada em lei, informou a estudiosa.
Para enfrentar o problema, Rachel cobra leis para retirar do ar peças estereotipadas, sexistas e racistas. Segundo ela, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), formado por representantes do setor de publicidade para regulamentar o mercado, é incapaz de agir com rapidez. “Até lá, [a peça] já saiu do ar”.
Veja aqui a galeria de fotos
Edição: José Romildo
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil
Ser mulher é ser muitas mulheres
Mulher moderna e mais escolarizada pode fazer escolhas sem abandonar projetos
Da política à militância pela paz, o retrato da mulher africana de hoje
Mulheres são minoria no mercado de trabalho em Portugal
Programa de transferência de renda fortalece cidadania da mulher do interior
Capacidade de organização e criatividade contribuem para o sucesso das empreendedoras
Exército ainda prepara escolas de formação de tropas combatentes para receber mulheres
Brasileiras ajudam a transformar a realidade onde vivem
Depois de 17 anos da abertura do ITA para mulheres, elas representam 8% do total de alunos
Mulher moderna e mais escolarizada pode fazer escolhas sem abandonar projetos
Elas venceram as dificuldades e chegaram a altos cargos
Tropa de choque do DF tem a primeira comandante do país
Preconceitos contra a mulher no mercado de trabalho persistem, diz juíza
A cada hora, dez mulheres foram vítimas de violência no Brasil em 2012
Profissionais de segurança pública têm dificuldade de conciliar dupla jornada
Empresárias turcas e brasileiras trocam experiência sobre comércio exterior
Polícias e Corpo de Bombeiros Rio negam críticas de que ignoram assédio a mulheres
Estudo constata que estresse da atividade policial tem impacto na saúde e na família
Maternidade após os 30 anos cresce em São Paulo
Pesquisa conclui que policiais no Rio são vítimas de assédio sexual e moral
Escalada no Morro da Babilônia marca a comemoração do Dia Internacional da Mulher
Ministra diz que mulher precisa de respeito e não de parabéns e flores
Agressores de mulheres serão monitorados por tornozeleiras eletrônicas em Minas Gerais
Manifestação no centro de São Paulo pede fim da violência contra as mulheres
Aplicativo lançado hoje no Rio vai ajudar no combate à violência contra a mulher
Passeata reivindica direitos da mulher e luta contra o machismo