Semana de Museus no Rio termina com concerto de harpa e inauguração de circuito cultural

22/05/2011 - 12h18

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Um concerto da harpista oficial da corte britânica no Museu de Favela (MUF), nas comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, zona sul do Rio, vai marcar hoje (22), às 16h, o encerramento da 9ª Semana Nacional de Museus na cidade. A apresentação de Claire Jones, que tocou no casamento do príncipe William com Kate Middleton, faz parte do 6º Rio Harp Festival – Festival Internacional de Harpa do Rio de Janeiro, evento do projeto Música no Museu, que há 14 anos promove concertos gratuitos de música clássica em espaços culturais e históricos do Rio.

Outra atração do MUF, incluída na programação da Semana de Museus, é a inauguração do Roteiro Casas Tela na comunidade do Pavão-Pavãozinho, marcada também para hoje. O circuito é a primeira galeria estruturada com obras de arte feitas por artistas da comunidade, retratando temas relacionados às memórias dos moradores do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. As visitas guiadas ao circuito estão disponibilizadas desde quinta-feira (19), das 10 às 16 h, mediante agendamento.

Criado em 2008 como uma organização não governamental, o MUF é o primeiro museu territorial de favela do mundo, ou seja, seu espaço físico é o mesmo nas três comunidades, onde residem mais de 20 mil pessoas. “Como o MUF é de território, não detém as galerias que caracterizam os museus tradicionais, até porque a cultura popular no Brasil sobreviveu na arte exercida nas ruas, nas festas”, explica Kátia Loureiro, diretora e uma das fundadoras do museu. “Nossos caminhos pela favela equivalem às galerias de um museu tradicional. Aqui as galerias são abertas, e o museu é um território vivo. Nossas telas são as fachadas das casas”, acrescenta.

Segundo Kátia Loureiro, o processo de criação dos portais, telas de arte em grafite e placas esculpidas que compõem o circuito começou com pesquisas, feita por um grupo de moradores, sobre a memória da comunidade. O resultado foi passado aos responsáveis pela execução das obras, que tiveram a colaboração de artistas plásticos de fora da comunidade. Depois, foram escolhidas as casas que receberiam as pinturas e feita uma mediação com os moradores, que assinaram um termo pelo qual se comprometeram a preservar as obras.

“A luta para manter esse acervo a céu aberto envolve muita sensibilização de moradores, principalmente das crianças, para que não danifiquem as obras”, diz Kátia. As visitações são sempre em grupos de no máximo dez pessoas, com duração de 2 horas para o percurso. O agendamento deve ser feito no site www.museudefavela.org. De acordo com a diretora, o Casas Tela é um circuito piloto. “Nossa ideia é, ao longo do tempo, estruturar outros itinerários de visitação.”

Para Kátia Loureiro, a preocupação de criar um museu diferente dos tradicionais sempre esteve presente entre os criadores do MUF. “ A atual política nacional de museus estimula a criação de dinâmicas diferentes e que provoquem um olhar crítico sobre o passado, o presente e o futuro dos temas que o museu aborda”, afirma.

Edição: Talita Cavalcante