Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em tempo de inflação alta, o pequeno construtor deve planejar bem e pesquisar preços para evitar surpresas na hora de comprar o material para as obras. O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em convênio com a Caixa Econômica Federal, ficou em 0,48% em abril, inferior ao registrado em março (0,52%). Mas, em comparação a abril do ano passado (0,37%), a taxa registrou elevação de 0,11 ponto percentual. Em 12 meses fechados em abril, o resultado ficou em 7%, acima dos 6,88% de igual período anterior.
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, a inflação no setor “está bem-comportada” e deve acompanhar, a partir de agosto, a queda de preços prevista pelo governo. Ele considera um problema, no entanto, a inflação dos produtos derivados de petróleo.
Segundo Conz, toda vez que a Petrobras eleva preços dos produtos do setor petroquímico, afeta certos itens, como o plástico e materiais fabricados com PVC. Segundo ele, essas alterações preocupam porque parte dos produtos utilizados na construção civil vem do setor petroquímico e parte é formada por commodities metálicas, muitas delas importadas, usadas para a fabricação de produtos como torneiras. Outra preocupação do setor em relação ao petróleo tem a ver com o preço dos combustíveis, que tem impacto no setor de transportes.
Em relação às commodities, o presidente da Anamaco disse que tem observado uma estabilização dos preços e até queda. “Se por um lado as commodities começam a apresentar uma tendência de estabilidade, ou até de queda, por outro os preços internos da Petrobras têm apresentado pressão de alta, incluindo transportes. Isso acaba afetando os preços”, disse.
Para o pequeno construtor, Conz recomenda um bom planejamento e pesquisa de preços em pelos menos quatro ou cinco lojas de material de construção antes de comprar qualquer produto. Ele lembra que, com exceção do cimento, que tem prazo de validade de 90 dias, os outros materiais não são necessitam de uso imediato. “Você pode comprar uma torneira, por exemplo, que será usada daqui a nove meses ou uma cerâmica que vai usar daqui a dez meses”, orienta.
O presidente da Anamaco destacou que a compra planejada pode resultar em grande economia. De acordo com ele, quem é organizado e faz levantamento de preços pode reduzir o custo da obra em até 25%. Como os produtos não são perecíveis, uma saída na hora de procurar preços mais em conta é aproveitar promoções. “Existem algumas oportunidades que acabam acontecendo ao longo de uma reforma ou uma obra que podem ser muito bem aproveitadas.”
O consumidor deve ter cuidado, no entanto, com os produtos importados. Muitos deles, segundo Conz, não seguem as normas técnicas adotadas no Brasil e podem ser um problema para o pequeno construtor, mesmo sendo mais baratos. Segundo ele, os produtos devem sair dos países de origem com selos de qualidade expedidos por certificadoras reconhecidas internacionalmente. “Depois que eles [os produtos] são descarregados no Brasil, é um Deus nos acuda. Estamos preocupados que essas importações estejam alinhadas como as certificações do Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial] e com os programas setoriais de qualidade”, disse.
Edição: Juliana Andrade