Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O físico Pinguelli Rosa disse que a possibilidade de que o governo federal venha a adotar o modelo de partilha da produção para a área de nova fronteira do pré-sal "é uma boa ideia”, principalmente porque garante que o país terá uma parcela significativa do petróleo produzido. Pinguelli Rosa é chefe da Coordenadoria de Planejamento Estratégico do Programa de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).Segundo ele, a partilha de produção põe o Brasil em uma situação de maior controle sobre o produto do pré-sal. “Mas somente o modelo da partilha da produção não basta. Isto é somente uma meia força e outras medidas são necessárias", afirmou.No caso da possibilidade da criação de uma nova empresa estatal para gerir os recursos do pré-sal, Pinguelli Rosa entende que ela só se justificaria se a nova empresa tivesse total liberdade de decisão.“Se houver realmente uma empresa estatal nova, é preciso que esta empresa tenha a liberdade de contratar a Petrobras para a prospecção e produção na área do pré-sal. Porque é a Petrobras que detém a tecnologia necessária e é uma empresa nacional e, por isto mesmo, nós temos de dar prioridade a ela”, defendeu. É do entendimento de Pinguelli Rosa que, se for criada com o único objetivo de realizar leilões, a nova empresa estaria, simplesmente, assumindo o papel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “E eu não sei bem para quê e qual a sua utilidade, neste caso”, questionou o físico.Pinguelli Rosa, no entanto, fez uma avaliação positiva da criação do fundo social, pretendido pelo governo para gerar recursos para a saúde e a educação, porque ela significaria que serão destinados recursos para fins socialmente justos. “Mas eu acho que isto, por si só, não basta também. Porque é preciso, por outro lado, destinar estes recursos para fontes alternativas de energia, de modo a que o Brasil não fique exclusivamente ligado à produção de petróleo, que seria o mesmo caminho seguido pelo Iraque. E eu acho que o Brasil deveria seguir o caminho da Noruega”, concluiu o coordenador do Coppe-UFRJ.