Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A coordenadora da campanha "Não bata, Eduque", Eleonora Ramos, afirmou hoje (15) que é preciso acabar com a cultura de que a "palmadinha" é lição de educação. A campanha foi lançada nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela apresentadora de televisão Xuxa Meneghel."Ela [palmada] é o primeiro passo de uma relação que não é eficiente e que ensina uma linguagem onde a criança só entende, só obedece com esse estímulo físico da palmada. A palmada, geralmente, deixa de ser palmada para se tornar uma agressão", afirmou Eleonora, em entrevista à TV Nacional, da Radiobrás.Para as Nações Unidas, palmadas, beliscões e tapas são transgressões aos direitos da criança. Dezoito países modificaram suas legislações para evitar a prática. No Brasil, tramita no Congresso Nacional, desde 2003, projeto de lei que prevê o direito da criança de não ser submetida a castigo fisico. A proposta já foi aprovada pelas comissões de Educação, Seguridade Social e de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.Uma rede de organizações não-governamentais, com o apoio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, lançou a campanha hoje, com o objetivo de conscientizar a população de que castigos físicos contra crianças não devem ser usados como método de educação. A partir de hoje, propagandas sobre o tema serão divulgadas na televisão, rádio, jornais e gibis, com a apresentadora Xuxa. O diretor-executivo da Promundo, uma das organizações que participam da campanha, Gary Barker, acrescentou que a idéia não é culpar os pais, mas "promover um diálogo com eles, porque a violência gera mais violência e medo". Barker destacou, entretanto, que os resultados não são imediatos.Já o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, afirmou que "educação não pode passar qualquer risco que envolva possibilidade de marcas físicas e marcas da alma".De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o sistema de informação da infância e adolescência do país registrou 500 mil casos de violência psicológica, física e sexual de 1999 até hoje, sendo que apenas 1% das agressões são denunciadas.