Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi, negou hoje (15) que o Brasil tenha sido excluído da Estação Espacial Internacional. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ele explicou que o acordo que garante a presença do país no projeto está suspenso, porque o Brasil negocia com os Estados Unidos uma forma de ampliar sua participação no módulo internacional.“Queremos redefinir a participação do Brasil no projeto em uma base mais ampla, porque não nos interessa um papel secundário como ocorreu até agora”, esclareceu Gaudenzi. Segundo ele, o Ministério das Relações Exteriores e o Departamento de Estado norte-americano estão trabalhando para recompor o acordo. Numa segunda etapa, a AEB e a Nasa (agência espacial norte-americana) discutirão os detalhes técnicos da contribuição brasileira para a futura estação.Apesar de a ISS (sigla em inglês da Estação Espacial Internacional) contar com 16 países parceiros, ainda incluindo o Brasil, as negociações têm de ser feitas diretamente com os Estados Unidos. Gaudenzi explicou que isso ocorre porque o Brasil utiliza parte da cota a que os norte-americanos têm direito na estação. “Queremos uma relação maior, que envolva trocas de imagens de satélite e o desenvolvimento de peças”, ressaltou. E negou as alegações de que o Brasil não teria contribuído com o programa. No acordo original, disse, o Brasil se comprometeu a investir US$ 120 milhões na construção de equipamentos da ISS. Desse total, foram gastos US$ 20 milhões para comprar um projeto e entregá-lo aos Estados Unidos. “Adquirir uma peça e repassá-la à estação não aumenta em nada nosso progresso. A contribuição só será efetiva se nós investirmos na produção dos componentes”, acrescentou.Gaudenzi não descartou a possibilidade de o novo acordo com os Estados Unidos permitir a ida de outro brasileiro ao espaço, como ocorreu com o astronauta Marcos Pontes em março de 2006. Ressalvou, no entanto, que essa não é a prioridade do programa espacial brasileiro: “Muito mais importante é o país garantir o próprio acesso ao espaço”.Sobre a garantia de acesso à estação internacional, o presidente da Agência disse que "por causa dos recursos limitados, estamos nos concentrando em transformar a base de Alcântara [no Maranhão] em um centro internacional de lançamento, em desenvolver o lançador de foguetes e produzir pelo menos uma plataforma de satélites”. E acrescentou que o mercado de lançamento de satélites deverá gerar US$ 10 bilhões nos próximos dez anos: "O Brasil precisa conquistar uma fatia desse mercado e garantir uma fonte alternativa de financiamento do programa espacial”.O orçamento do programa brasileiro está em torno de US$ 100 milhões, segundo Gaudenzi, e a meta é dobrá-lo nos próximos anos. “Somente a Índia investe de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão por ano em lançadores e na fabricação de satélites”, comparou.