Lula diz em Seul que ''não é fácil celebrar a democracia quando se tem fome''

23/05/2005 - 22h14

Spensy Pimentel
Enviado especial

Seul (Coréia do Sul) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na cerimônia de abertura do VI Fórum Global sobre Reinvenção do Governo que "a democracia é um processo e que não é fácil celebrar a democracia quando se tem fome". No encontro multilateral promovido pelo governo coreano em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), sob o tema "Rumo a uma governança participativa e transparente", Lula falou sobre a importância da democracia e o desafio que a consolidação dela representa para os países em desenvolvimento.

Lula lembrou que a plena democracia pressupõe independência e harmonia entre os poderes, além de uma imprensa livre, mas que também deve pressupor uma busca pela transparência e pela justiça social. Destacou projetos de seu governo que, na avaliação dele, contribuem para essa busca, necessária ao desenvolvimento da democracia. Entre esses projetos, citou o de apoio à agricultura familiar, o de microcrédito e o Fome Zero.

O presidente brasileiro lembrou também o desafio que representa para países como o Brasil a boa administração dos recursos naturais e do meio ambiente. E destacou a realização no país, de 7 a 10 de junho, do IV Fórum Global de Combate à Corrupção.

Entre as iniciativas multilaterais de que o Brasil participou e que, na opinião de Lula, vão ao encontro desse desafio, citou a luta contra os "escandalosos" subsídios mantidos pelos países desenvolvidos. O presidente lembrou ainda que o Brasil está incentivando a adesão a uma campanha mundial de combate à fome e à pobreza. E reafirmou a importância da luta pela reforma no Conselho de Segurança da ONU, onde segundo o presidente, é necessário que os países em desenvolvimento estejam "devidamente representados".

Alem de Lula, falaram na abertura do encontro os presidentes da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun, e do Tadjiquistãoo, E. Rahmonov, os vice-presidentes da Tanzânia, Ali M. Shein, e do Irã, Hamid Reza Baradaran Shoraka, bem como o primeiro ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, o subsecretário geral das Nações Unidas, José Antonio Ocampo, e o secretário geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Donald Johnston.

"A meta que a Coréia do Sul persegue em iniciar inovação na governança é criar um governo eficiente, que serve, que é transparente, que respeita seus cidadaos, e um governo que é descentralizado", disse em seu discurso o presidente Roh Moo-Hyun.

Segundo os organizadores do encontro, estão presentes delegações de 140 países e organizações internacionais.