Iara Falcão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as mães devem amamentar os filhos apenas com o leite materno até os seis meses de idade. Nem mesmo água ou chá são indicados. A recomendação tem um forte argumento: o leite materno contém nutrientes e anticorpos que são passados da mãe para o filho para protegê-lo contra doenças.
"Primeiro, aumenta o vínculo afetivo da mãe com o bebê", explica a Fadinha do Leite, como é conhecida a enfermeira e técnica-responsável pelo Banco de Leite do Hospital Regional da Asa Norte de Brasília (HRAN), Soyama Brasileiro. "O leite materno é o alimento ideal, indicado até dois anos ou mais. Também diminui os riscos de diarréia e de doenças respiratórias", explica.
Além disso, a sucção ao peito trabalha a dentição e a digestão, além de diminuir os riscos de hipertensão e diabetes no bebê. Segundo ela, as mais recentes pesquisas também revelam que crianças amamentadas exclusivamente com leite materno desenvolvem mais a inteligência. De acordo com a enfermeira, o aleitamento materno também diminui os riscos de câncer de mama para a mãe, auxiliando na recuperação pós-parto e promovendo a perda de calorias, ajudando a mulher a retornar ao peso anterior à gravidez.
A mãe, adolescente e dona-de-casa Tatiane Varjas Fernandes, de 17 anos, não vai mais esquecer a importância da amamentação. Em julho de 2004, ela teve dois filhos gêmeos, que nasceram prematuros, aos oito meses de gestação. Um deles teve que ficar internado por um mês na incubadora, e foi salvo pelo leite do HRAN.
Quando saiu do hospital, Tatiane estava amamentando os dois filhos, mas em pouco tempo teve uma decepção: "Meus seios secaram e nunca mais voltaram a encher", conta. Ela então passou a dar na mamadeira um leite em pó, produzido industrialmente, que se propõe a ser o mais próximo do leite materno. Mas o leite era caro e chegou um momento em que Tatiane não pôde mais comprá-lo. Trocou por outro leite, de vaca.
As crianças não se adaptaram, emagreceram, tiveram diarréia e ficaram desnutridas. "Quando cheguei ao hospital, os médicos falaram que deveria ter trazido os bebês há mais tempo e se eu demorasse um pouquinho mais, se eles tivessem tido uma gripe forte, não estariam mais vivos", relata a jovem mãe. Tatiane tinha um dos filhos nos braços, tentando dar o peito, e o outro, em situação mais grave, tomando soro na pediatria do HRAN.