Brasília, 11/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Geração de energia por meio de fontes limpas é a meta do Programa de Bioeletricidade da Eletrobrás. A proposta será lançada pelo presidente da empresa, Luiz Pinguelli Rosa, na próxima segunda-feira (14), em Recife, onde se realizará a 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), durante toda a semana. O primeiro passo do programa será traçar o chamado Mapa do Biodiesel, um conjunto de estudos a ser feito em municípios do Amazonas, Acre, Rondônia, Piauí e Alagoas, a fim de definir os impactos econômicos e sociais do programa, na áreas urbanas e rurais.
As pesquisas terão a parceria de empresas do governo como a Embrapa, de universidades, de organizações não-governamentais e de empresas privadas. O custo da fase inicial do projeto é de R$ 8 milhões. Para Pinguelli, a tarefa é estratégica. "A geração de energia por fontes limpas é um investimento que trará retorno social, econômico e político ao país. Por isso, a Eletrobrás não poupará esforços para implementar o programa de bioletricidade nos próximos anos", garantiu.
O estudo, que se dará nos municípios escolhidos como pilotos do programa, vai quantificar também a importância econômica dos subprodutos gerados no processo de produção do biodiesel. A previsão é de que o levantamento seja concluído em três ou quatro meses, permitindo que o programa funcione no início de 2004.
O assessor da presidência da empresa na área de meio, Paulo Coutinho, será o encarregado de operar o programa de bioeletricidade. "Usamos um combustível poluente, caro e de transporte complicado para gerar eletricidade numa floresta como a Amazônia, com a maior biodiversidade florestal do planeta. Uma floresta que possui inúmeras espécies de plantas oleaginosas cujos frutos podem ser usados para gerar óleo combustível. É um contrasenso", apontou Coutinho, referindo-se ao diesel. Segundo dados da Eletrobrás, são gastos R$ 1,4 bilhão em diesel, anualmente, para gerar energia na Amazônia. O valor é rateado por todos os consumidores do país.
Coutinho ressaltou que o modelo a ser implantado protege o ecossistema, ao mesmo tempo que cria emprego, gera renda e desenvolve a economia local. "A sustentabilidade é o modelo econômico que melhor se adapta a regiões como a Amazônia e o semi-árido nordestino", opinou. Exemplo prático de sustentabilidade mostrado pelo técnico é o da glicerina. "No processo de transformação do óleo vegetal bruto em biodiesel, há um resíduo de glicerina. Ela pode ser usada como o início de uma cadeia para a produção de cosméticos", exemplificou.