Moradores de SP temem remoções por causa de obras para a Copa do Mundo

01/12/2011 - 16h52


Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A zona leste da capital paulista passará por uma transformação para receber a Copa do Mundo de 2014. Além do estádio que está sendo construído em Itaquera, várias obras viárias estão programadas para facilitar o acesso de torcedores ao local dos jogos e também os deslocamentos dos moradores da região mais populosa da maior cidade do país.

Todas essas obras, porém, não trarão só benefícios. Centenas de moradores da região vivem hoje apreensivos diante da possibilidade de perderem suas casas devido à infraestrutura que a prefeitura e o governo de São Paulo terão de montar até o Mundial e que prevê a remoção de moradias.

Uma das que temem as remoções é a aposentada Maria Aparecida da Silva, de 61 anos. Ela mora há sete anos em um casebre que construiu em um terreno ao lado da Avenida José Pinheiro Borges, também conhecida como Nova Radial, perto da Avenida Jacu-Pêssego, onde será construída uma nova alça de ligação entre as duas avenidas. A obra ainda não começou, mas Maria Aparecida já foi avisada que terá que deixar o local. “A prefeitura veio, cadastrou meu nome e disse que vou ter que sair”, declarou.

Maria Aparecida disse que ela mesma construiu a casa e que ainda não conseguiu pagar a dívida que assumiu com o banco para comprar o material de construção. Agora, não tem ideia de onde vai morar. “Tudo por causa dessa porcaria de jogo”, disse, referindo-se à Copa do Mundo. “Isso tudo só vai é piorar minha situação.”

A opinião de Maria Aparecida sobre a Copa é a mesma de Adriano Evangelista, de 33 anos, pedreiro. “A Copa é boa para quem tem dinheiro”, declarou à Agência Brasil. “Para nós, vai ser muito ruim”, completou.

Ele também mora na região leste e já foi avisado que vai ter que deixar a sua casa. Com o que ganha por mês, Evangelista disse que não tem condição de pagar um aluguel de uma nova habitação para viver com a mulher e seus três filhos. Até agora, ele também não foi informado se receberá algum auxílio da prefeitura ou do governo quando tiver que deixar o loca.

“Eles vieram aqui e me entregaram um papel dizendo a casa será interditada”, declarou. “Não disseram se vamos ter direito a alguma coisa nem se vão nos levar para algum outro lugar.”

Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura de São Paulo e o governo paulista não informaram quantas pessoas serão removidas devido às obras de preparação para a Copa, mas, segundo administração municipal, as famílias removidas receberão todo o atendimento necessário.

Em Guarulhos, por causa das obras de ampliação do aeroporto internacional, 590 famílias que moram no Jardim Novo Portugal serão removidas. A obra, segundo a prefeitura, já estava programada antes do Brasil ter sido escolhido como sede da Copa de 2014. A ampliação do terminal é uma das principais ações de preparação do país para o Mundial.

De acordo com a administração municipal, todas as famílias removidas ocupam locais não regularizados. Mesmo assim, a prefeitura informou por meio de nota que “está atuando com a Infraero [Empresa Brasil de Infraestrutura Aeroportuária] e o governo federal para assegurar que o atendimento contemple a todos os moradores com soluções adequadas.”

 

Edição: Aécio Amado