Indústria e comércio apoiam pacote de estímulo ao consumo, mas cobram reforma tributária definitiva

01/12/2011 - 17h28

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - As medidas anunciadas hoje (1º) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para estimular o consumo no país, agradaram, de modo geral, ao empresariado fluminense. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon), Roberto Kauffmann, avaliou que as medidas estão “bem de acordo com o que nós estamos querendo, estamos em franca aceleração”.

Kauffmann disse que, para a construção civil em especial, as medidas são fundamentais. Segundo ele, o setor vai bem no que se refere ao Programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal, mas precisa de ajustes na faixa mais baixa de renda, até R$ 1,6 mil. “Na moradia para a faixa até R$ 1,6 mil, o preço que está sendo pago nas grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, incluindo terreno, infraestrutura e construção, fica muito justo [com pouca margem de lucro]”.

Ele propôs que municípios, estados e governo federal entrem com uma parcela dos investimentos, “com o terreno ou com a infraestrutura, para poder viabilizar [a construção das moradias]. Na faixa de R$ 1,6 mil a R$ 5 mil não temos problema nenhum”. Ele acredita que o setor vai crescer o suficiente para resolver o déficit habitacional, hoje em torno de 8 milhões de moradias. Uma demanda que cresce em 1,5 milhão de unidades habitacionais ao ano, segundo ele. “Nós temos que continuar produzindo”.

O empresário Antônio César Berenguer, do setor têxtil, também elogiou as medidas anunciadas pelo governo. “Toda medida para estimular a economia, toda medida que desonere, é benéfica. Portanto, elas estão no caminho correto”. Berenguer advertiu, entretanto, que o Brasil precisa de muito mais. “Muita redução de imposto, muito trabalho de desoneração tributária. Isso não é fácil. O ministro sabe disso e está fazendo o possível”.

Para o presidente do Instituto de Panificação e Confeitaria do Estado do Rio de Janeiro (IPC-RJ), Assis de Oliveira Bastos, chegou o momento de o governo se preocupar com o setor, formado majoritariamente por micro, pequenos e médios empresários, “que emprega e participa do PIB [Produto Interno Bruto] do município, do estado e do país”. Somente no estado do Rio, o setor é representado por 5 mil empresas, atingindo 65 mil pequenas companhias no país. “E o setor, mais do que nunca, precisa dessa colaboração, do empenho do governo para continuar participando do desenvolvimento econômico".

Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu a adoção, pelo governo, de medidas “lineares e horizontais” que possam atender a todos os setores da indústria de transformação que enfrentam dificuldades. Ponderou, contudo, que qualquer medida de desoneração de impostos “é sempre muito bem vinda”. Ele não tem dúvidas de que os efeitos já começarão a ser sentidos pelo comércio e, também, pela indústria.

A opinião foi compartilhada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. “O que o governo fez hoje foi isentar alguns setores para que o crescimento brasileiro não seja afetado [pela crise internacional] em demasia”. Mas destacou que não há como a indústria assumir compromissos para não demitir. “A empresa só demite quando tem dificuldades. Se o mercado desaparece, a empresa demite, com necessidade ou não”.

Edição: Vinicius Doria