Leandra Felipe
Enviada especial da Agência Brasil/EBC
Caracas – Sem a obrigatoriedade do voto, muitos venezuelanos tentam motivar a população para votar na eleição presidencial deste domingo (14). Apesar da tranquilidade observada no sábado (13) nas ruas da capital venezuelana, simpatizantes tanto do candidato da situação, Nicolás Maduro, quanto da oposição, Henrique Capriles, tentavam convencer amigos e parentes a comparecer às urnas amanhã.
Entre os chavistas, ambulantes vendiam o chapéu de passarinho e o bigode, símbolos da campanha de Nicolás Maduro, que ocupa interinamente a Presidência da República. Do lado oposicionista, vendedores ofereciam bonés como os usados por Capriles.
O comando da campanha oposicionista apresentou observadores eleitorais internacionais independentes, que trabalharão paralelamente à missão da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que acompanha o trabalho do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Um dia antes da disputa, na chamada "esquina caliente", reduto chavista no centro de Caracas, os eleitores se organizavam para promover seus candidatos. A enfermeira aposentada Amélia Barreto, de 76 anos, disse à Agência Brasil que tinha conseguido arregimentar 14 pessoas para a votação de amanhã. “A ideia é que cada eleitor deve chamar dez. Eu consegui 14 votos seguros para a revolução, de pessoas que votarão em Maduro."
Entre os oposicionistas, o mesmo trabalho de mobilização. O publicitário Luis Eduardo Gomes, de 80 anos, ressaltava que esta é sua última oportunidade para tentar mudar o país. “Vamos votar todos amanhã em Capriles. Todas as famílias devem ir e levar o máximo de pessoas”, disse Gomes.
A preocupação dos eleitores e dos coordenadores de campanha é que uma alta abstenção possa influenciar o resultado da votação. Na eleição de outubro do ano passado, em o presidente Hugo Chávez venceu Henrique Capriles com 11 pontos, oito em cada dez eleitores foram às urnas, na maior participação já registrada no país. O analista Luís Lander, do Observatório Eleitoral Venezuelano, destacou que a abstenção é ruim para ambos os lados.
“Nestas eleições, todos estão preocupados. A transferência de votos de Chávez para Maduro não é automática. Há chavistas que não estão convencidos de que Maduro esteja apto para suceder a Chávez. Mas do mesmo modo, há caprilistas que estão decepcionados com a oposição, que prometeu uma virada nas eleições passadas e não conseguiu”, disse Lander.
Embora considere difícil especular sobre resultados, Lander diz que Maduro continua favorito, embora tenha perdido espaço nos últimos dias para Capriles. “Acredito que Maduro vai ganhar, mas não com a mesma vantagem de Chávez. O resultado tende a ser mais equilibrado.”
Edição: Nádia Franco
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