Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Para lembrar o Dia Mundial da Doença de Parkinson, celebrado na última quinta-feira (11), a Associação Brasil Parkinson (ABP) promoveu hoje (13), na marquise do Parque Ibirapuera, em São Paulo, uma série de atividades para incentivar o diagnóstico precoce da doença.
Durante toda a manhã foram realizadas oficinas de origami, exposição de pinturas feitas por pacientes e apresentação de corais com pessoas portadoras de Parkinson.
“Queremos divulgar a doença, sensibilizar a opinião pública sobre as características da doença e, sobretudo, [informar sobre como] aprender a conviver com a doença porque não é o fim do mundo. É como diz um slogan 'Mesmo com o mal de Parkinson, você pode ficar de bem com a vida'”, disse Samuel Grossmann, presidente da associação, à Agência Brasil.
Segundo Grossmann, estima-se que 200 mil brasileiros tenham Parkinson. “Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população acima dos 65 anos tem Parkinson”, disse.
“A doença de Parkinson é uma doença degenerativa, na qual ocorre degeneração das células dopaminérgicas, que produzem dopamina. Em decorrência da baixa dopamina, os pacientes passam a apresentar alguns sintomas, que chamamos de sintomas motores. Dentre eles, temos o tremor, a rigidez, o endurecimento do corpo e uma lentidão dos movimentos”, explicou a médica Vanderci Borges, neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Academia Brasileira de Neurologia. Segundo ela, a maior incidência da doença acontece em torno dos 60 anos. “Mas pode começar em qualquer idade, mesmo nos jovens”, alertou a médica.
Não há cura para a doença de Parkinson. No entanto, o diagnóstico precoce da doença e os tratamentos adequados podem ajudar o paciente a conviver de uma forma melhor com a doença. “Existe um tratamento para melhorar os sintomas e é importante que o paciente, quando apresente os sintomas, procure um médico para iniciar o tratamento. Ainda não existe a cura da doença, mas com o tratamento existe a possibilidade da pessoa se movimentar melhor e ter uma vida de melhor qualidade”, disse Vanderci.
“O tratamento é medicamentoso, [e consiste] basicamente na reposição da dopamina. Além disso, é importante que o paciente tenha o acompanhamento de um fisioterapeuta porque é uma doença que acomete muitos movimentos, que chamamos de movimentos automáticos, que são aqueles feitos sem pensar tais como se vestir e andar”, explicou Carolina de Oliveira Souza, fisioterapeuta especialista em neurologia.
Segundo Carolina, também é importante que o paciente tenha o acompanhamento de um fonoaudiólogo, já que, com a evolução da doença, o paciente passa a apresentar problemas com a articulação da fala.
O tratamento, de acordo com a fisioterapeuta, pode ser feito na rede pública de saúde.
Mário Jorge dos Santos, 60 anos, convive com o Parkinson há dez anos. “Essa doença é triste, mas aprendi a conviver com ela”, contou ele, que reclama principalmente das dificuldades para escrever. “Com essa doença, você não pode parar. É preciso tomar certinho os remédios que o médico passa e, ao mesmo tempo, fazer exercícios. Eu não paro”, disse Silva.
Silva contou à Agência Brasil que continua a fazer trabalhos de casa tais como lavar roupa e consertos de forma geral, além de fazer fisioterapia, caminhada e alongamento, entre outras atividades. “Não melhorei, mas o Parkinson estacionou, ficou parado”, disse.
Hoje, durante o evento no Parque Ibirapuera, Silva apresentou uma das pinturas que fez durante o seu tratamento e que estava à venda. “Já pintei vários quadros. Gosto de pintar. Aprendi na associação. Sempre morei na roça e gosto muito de mato e passarinho e pintei esse tucano aí”.
Mais informações sobre a doença estão disponíveis no site www.vivabemcomparkinson.com.br.
Edição: Fernando Fraga
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