Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O povoado de Cabeço, localizado em ilha na Foz do Rio São Francisco, na divisa entre Alagoas e Sergipe, experimentou os efeitos mais devastadores da erosão marinha. Em poucos anos, o mar invadiu casas e construções da comunidade pesqueira, que tinha 400 moradores.
A completa evacuação do povoado foi concluída há 14 anos, como conta o ex-morador Everaldo Barreto, de 65 anos, que morou por mais de 40 anos na comunidade.
“A perda da vila teve efeito psicológico forte nos moradores, com a erosão tomando conta, aquele sofrimento. A erosão começou a acontecer aos poucos. Depois de um ano e meio, dois anos, ela começou a agir com mais intensidade. Hoje o mar demolia duas moradias. Amanhã eram três, quatro, cinco. E, dentro de poucos dias, o povoado foi todo embora”, disse.
Segundo ele, muitos moradores, em grande parte pescadores, foram realocados em um assentamento, chamado de Samarém, cinco quilômetros rio adentro. Isso também prejudicou economicamente a comunidade, acostumada a pescar na área do Cabeço.
O processo de avanço do mar sobre a vila é atribuído às represas construídas no Rio São Francisco, como a Usina Hidrelétrica do Xingó, que reduziram a vazão do Velho Chico e abriram espaço para o mar. A antiga vila foi completamente destruída. Seu símbolo é um velho farol do século 19, que ficava em terra e hoje está a dezenas de metros da costa.
Alguns moradores, como Everaldo Barreto reconstruíram casas mais para o interior da ilha onde ficava o povoado do Cabeço. “Às vezes eu vou para lá. Gosto daquela praia”, lembra o vereador aposentado do município de Brejo Grande, onde ficava a comunidade.
Edição: José Romildo
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