Legado para o Rio de Janeiro é preocupação da Autoridade Olímpica, diz Márcio Fortes

07/04/2013 - 11h40

Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O legado das Olimpíadas de 2016 para a população do Rio de Janeiro não será apenas esportivo. Mas, principalmente, na melhoria da qualidade de vida do carioca com intervenções em áreas como mobilidade urbana, acessibilidade e meio ambiente. A avaliação é do presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Márcio Fortes, a quem cabe coordenar os trabalhos dos diversos órgãos públicos e privados envolvidos, para entregar tudo pronto no prazo estabelecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em julho de 2015, um ano antes de ser acesa a pira olímpica que marcará o início das competições.

É com essa preocupação que o ex-ministro das Cidades trabalha, mas sem perder o foco na parte esportiva, que é a própria razão de ser das Olimpíadas, que pela primeira vez serão disputadas no Hemisfério Sul, entre os dias 5 e 21 de agosto, e seguidas, conforme a tradição, pela disputa das Paralimpíadas, entre 7 e 18 de setembro, também no Rio de Janeiro. A abertura e o encerramento dos Jogos serão no Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Será a 31ª edição das Olimpíadas da Era Moderna, criadas em 1894 pelo professor francês Pierre de Fredy, o barão de Coubertin. Os Jogos ocorreram pela primeira vez em Atenas, em 1896, para retomar a origem do evento na Grécia Antiga.

“O objetivo do Brasil é alcançar o top ten em 2016, ou seja, no Rio, ficar entre os dez primeiros países no quadro de medalhas de ouro. Para isso, o governo criou no ano passado o Plano Brasil Medalha, que, por meio de apoio a atletas e treinadores, deverá servir de base para que essa meta seja alcançada. E depois, em 2020, melhorar ainda mais o nosso desempenho”, disse o presidente da APO.

A meta do Brasil Medalha é avançar também no esporte paralímpico, subindo para o quinto lugar na classificação geral. Em 2012, o Brasil ficou em 22º lugar na conquista dos ouros olímpicos nos Jogos de Londres, com três medalhas, além de cinco de prata e nove de bronze, ao todo 17; e em sétimo nas Paralimpíadas, com 21 ouros, 14 de pratas e oito de bronzes, um total de 43.

Para que os atletas brasileiros possam entrar nesse grupo dos dez primeiros, o Brasil Medalha prevê investimentos de R$ 1 bilhão até 2016. Os recursos sairão do orçamento do Ministério do Esporte e de fontes de renda como as leis Agnelo-Piva e de Incentivo ao Esporte, com gestão compartilhada pelo Ministério do Esporte, comitês Olímpico e Paralímpico, confederações e empresas estatais. Cabe a Márcio Fortes e à APO, autarquia criada em 2011 pelo governo federal, trabalhar para que tudo isso se transforme em realidade dentro de três anos, quando os brasileiros, pela primeira vez, estarão competindo em casa contra o resto do mundo em uma Olimpíada.

Trabalho é o que não falta na APO, cuja missão é fazer com que, do fornecimento de energia elétrica às vagas nos hotéis, passando pelas instalações esportivas, aeroportos, transportes, telecomunicações, segurança e tudo mais que se relacione com os Jogos Olímpicos, seja cumprido os cronogramas estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

Para que isso aconteça, foi constituído um consórcio entre a União, o estado e o município do Rio de Janeiro, que trabalham baseados em uma matriz de responsabilidades, a exemplo do que ocorre com a Copa do Mundo de 2014, quando as responsabilidades de cada participante na organização foram definidas em um documento. Márcio Fortes explicou que a APO não faz obras, mas tem a missão de coordenar os trabalhos até a conclusão de tudo o que for necessário para a organização dos Jogos, inclusive nas quatro cidades que sediarão as disputas de preliminares de futebol feminino e masculino: Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, que também receberão delegações esportivas para aclimatação antes da abertura das competições.

“Para se ter uma ideia das dimensões dessa tarefa, teremos 11 mil pessoas trabalhando diretamente nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas, 40 mil jornalistas credenciados [além dos não credenciados], 70 mil voluntários e 4,8 bilhões de telespectadores assistindo aos Jogos no mundo inteiro. Só o prédio de broadcast [centro de transmissões de mídia], na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, terá 60 mil metros quadrados”, disse.

Além disso, de acordo com Fortes, ocorrerão competições esportivas em vários bairros e locais da cidade: Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã, Engenhão, Sambódromo, Marina da Glória, Lagoa Rodrigo de Freitas e Praia de Copacabana. “No porto, seis ou sete navios ficarão ancorados para funcionar como hotéis flutuantes para os turistas, com 10 mil quartos para acomodar 24 mil visitantes. Precisamos pensar na acessibilidade para os atletas paraolímpicos e lidar com 280 cavalos que chegarão do exterior. É um trabalho que vai do macro ao micro e não é fácil, porque se faltar uma tomadinha para carregar um celular, alguém dirá que foram as piores Olimpíadas do mundo”, ressaltou.

 

Edição: Aécio Amado

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