Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil disse, em recente entrevista, que Luiz Gonzaga foi “a primeira coisa significativa do ponto de vista da cultura de massa no Brasil”. Gil revelou que Gonzaga foi o seu primeiro ídolo, ainda na cidade baiana de Ituaçu, onde cresceu. Por causa disso foi um acordeom, e não o violão, seu primeiro instrumento musical.
Vários nomes da música popular brasileira (MPB) que eram meninos ou jovens na época em que o baião tomou conta do rádio tiveram o acordeon, e não o violão ou o piano, como primeiro instrumento. Este também foi o caso de Milton Nascimento e de João Donato.
Historiadores da MPB, como Ricardo Cravo Albin, destacam o papel fundamental que o sanfoneiro teve na inserção dos ritmos nordestinos no mapa musical do Brasil. Isso foi possível por causa do rádio, que vivia uma era de ouro na década de 1940.
No universo do rádio da então capital federal, um local protagonizou a grande mexida que a sonoridade da sanfona, da zabumba e do triângulo trouxe para a música popular brasileira: o auditório de 500 lugares da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com seus programas transmitidos para todo o país.
Foi do auditório da Rádio Nacional que saíram, pela primeira vez, em 1946, para todo o Brasil, os versos de Humberto Teixeira para a composição de Luiz Gonzaga que ensinou o Brasil a dançar o baião e fez o ritmo virar uma febre musical que tomou conta do país. “Eu vou mostrar pra vocês como se dança um baião e quem quiser aprender é favor prestar atenção”, diz o refrão da música cantada por Gonzagão.
Também foi na Rádio Nacional que ele ganhou o apelido Lua, dado pelo violonista Dino Sete Cordas, devido à sua cara redonda. O apelido foi popularizado pelos radialistas César de Alencar e Paulo Gracindo em seus programas, que sempre contavam com a participação do sanfoneiro.
Hoje (13), a Agência Brasil publica uma série de matérias que mostram a trajetória do Rei do Baião. As matérias trarão também o infográfico abaixo, com trechos de algumas das músicas de Luiz Gonzaga, canções que traduzem uma verdadeira viagem pelo país que o artista fez com sua obra.
Veja galeria de fotos.
Edição: Tereza Barbosa
Brasil comemora o centenário do seu maior sanfoneiro
Jornalista diz que Gonzaga despertou a consciência de gerações para as questões sociais
Estudioso lembra que o sanfoneiro mapeou a cultura e a geografia nordestinas em sua música
Evita, Trumann e Dutra ouviram a sanfona do Rei do Baião
Baião chegou a fazer parte de trilhas sonoras do cinema italiano
Gonzaga enfrentou o preconceito e adotou o figurino do vaqueiro nordestino
Rádio Nacional foi fundamental para difundir o baião pelo país
Tropicalismo resgatou o reinado do baião nas grandes cidades, diz compositor
Maestro fala de sua convivência com o padrinho sanfoneiro
Gonzaga foi, antes de tudo, um marqueteiro, diz o afilhado
Publicação inédita lança luz sobre os primeiros anos de Gonzagão como músico profissional
CD vai mostrar gravações inéditas de Luiz Gonzaga
Feira de São Cristóvão, no Rio, faz shows e exposição para homenagear Gonzagão
Cordelista canta em versos o legado de Gonzaga para os novos artistas nordestinos