Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 80% do crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrado em 2011 tiveram origem na cadeia de produção de alimentos e de energia da biomassa. Do que corresponde à agricultura, 60% foram produzidos na Região Centro-Oeste. Os dados foram divulgados no Seminário Centro-Oeste, Tempo 3: Bases para o Planejamento Estratégico do Desenvolvimento Sustentável, organizado pelo Fórum do Futuro. O evento discute hoje (13) diretrizes para o desenvolvimento sustentável da região.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), nos próximos anos, caberá ao Brasil atender a cerca de 40% do incremento da demanda por alimentos do mundo. De acordo com estimativas do fórum, é da Região Centro-Oeste que virá grande parte dessa produção, que aumenta com o passar dos anos.
A Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), do Ministério da Integração Nacional, calcula um crescimento do PIB da região em 5,9% , de maio de 2011 a maio de 2012, mais do que o dobro do PIB brasileiro do ano passado. Este ano, os investimentos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) devem superar os R$ 5 bilhões previstos, fechando o ano em R$ 6 bilhões voltados ao desenvolvimento econômico e social da região.
“O Centro-Oeste é uma das chaves que o Brasil tem e talvez a primeira a ser aberta. A região está crescendo em uma velocidade muito maior que o país e precisa ter um debate para antecipar previsões sobre o futuro que estamos buscando”, disse o ex-ministro da Agricultura Alyson Paulinelli, membro do conselho consultivo do Fórum do Futuro.
O também ex-ministro da Agricultura e membro do fórum, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, disse que, no mundo, não há política de segurança alimentar global. Segundo ele, apesar das produções serem locais, o estoque de alimentos deveria pertencer ao mundo todo. “Os países que têm condições de produzir, devem ter políticas públicas para isso. O Brasil é um deles e a Região Centro-Oeste é o nosso Maracanã”, compara. “Qual a estratégia necessária para darmos um salto e ganharmos a Copa do Mundo? Cinco fatores: logística e estrutura, políticas de renda, politica comercial, tecnologia, além da questão institucional, que talvez seja o goleiro do time, passando por Executivo, Judiciário, toda a estrutura do poder.”
No que diz respeito à legislação, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as atuais leis impõem limites para o crescimento horizontal, o que força o país a buscar um aumento da eficiência e da produtividade. “O Centro-Oeste tem um papel importantíssimo nesse processo. Uma extensão considerável das áreas de pastagens degradadas estão localizadas na região e é aí que se dará a expansão da agricultura no Brasil”, diz o presidente da Embrapa, Maurício Lopes.
Já a infraestrutura foi considerada nos debates como uma das maiores fragilidades brasileiras. De acordo com dados apresentados pelo engenheiro agrônomo Célio Floriani, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o país perde, por ano, 1,6 bilhões de toneladas por deficiência de infraestrutura. As perdas em importações e exportações somam US$ 5 bilhões por ano.
No Centro-Oeste, caso houvesse um sistema de escoamento eficiente, segundo a Sudeco, haveria uma redução de cerca de 30% no valor final das commodities. A Sudeco espera para 2013 um financiamento de R$ 1,4 bilhão voltado principalmente para a infraestrutura por meio do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO) do Ministério da Integração.
Edição: Fábio Massalli / /matéria atualizada às 18h49 para acréscimo de informações sobre investimentos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) no terceiro parágrafo e sobre melhorias de infraestrutura no Centro-Oeste