Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Regis Fichtner, deu por concluída, na noite de hoje (8), a audiência pública de concessão do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, minimizando a manifestação promovida pela maioria das pessoas presentes no Espaço da Cidadania, na zona portuária do Rio de Janeiro.
“É claro que a audiência valeu. O que houve foi que algumas pessoas, uma minoria, veio aqui com o propósito de não deixar a audiência pública ocorrer. Mas ela [a audiência] é uma manifestação da democracia na Lei de Licitações – tem que ser realizada. E essas pessoas tentaram fazer com que ela não ocorresse, mas nós persistimos e ela ocorreu”.
Os protestos, que duraram cerca de 2 horas e 30 minutos, foram realizados pela quase totalidade dos presentes, o que levou a que alguns deputados estaduais - como Luiz Paulo Corrêa da Rocha, Clarissa Garotinho e Paulo Ramos – solicitassem o cancelamento da audiência.
Além de políticos, estiveram presentes à audiência professores, estudantes e representantes de organizações não governamentais, muitos dos quais gritaram palavras de ordem, inclusive com pedidos de seu cancelamento.
Diante da insistência do secretário em levar a audiência adiante, os manifestantes começaram a jogar todo tipo de objetos na mesa - ovo, casca de banana e até fezes – o que fez com que os seguranças protegessem com os próprios corpos e com um guarda-chuva o secretário.
Os deputados presentes que também se posicionaram contra o modelo de concessão proposto pelo governo fluminense manifestaram a intenção de ingressar com uma representação no Ministério Público pedindo a nulidade da audiência, com a justificativa de que a população se posicionou contra a sua realização.
Pelo modelo de concessão proposto pelo governo do Rio, o estádio será administrado pela iniciativa privada por 35 anos. O modelo, no entanto, apresenta vários pontos polêmicos e ainda não esclarecidos pelo governo estadual.
Os manifestantes protestam também contra a decisão do estado de demolir o Complexo Esportivo do Maracanã (que inclui o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros) e a Escola Municipal Friedenreich, que foi a quarta colocada no estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e a décima no país.
Para Fichtner embora “algumas” pessoas tentassem fazer com que a audiência não ocorresse, o governo decidiu levá-la adiante porque a interrompê seria “um atentado à democracia. Os que ficaram aqui puderam receber todos os esclarecimentos e o estado recebeu a todas as questões”.
O secretário da Casa Civil disse que o estado manterá todas as decisões já anunciadas, inclusive a derrubada da escola, que segundo ele será reconstruída em outro local. “Não faz sentido ter uma escola municipal dentro de uma complexo esportivo. Um espaço de shows e de espetáculos, o que não é adequado para uma escola”.
Edição: Fábio Massalli
Sociedade civil protesta contra modelo de concessão do Maracanã
Senado aprova autorizações de crédito para Rio de Janeiro tomar empréstimo para obras do Maracanã
Organizações da sociedade civil questionam caráter comercial da licitação do Maracanã
Fifa nega ter pedido demolição do Museu do Índio na área do Maracanã
Governo do Rio licita Maracanã com proposta de oferecer conforto a torcedores