Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Em uma manhã nublada, crianças e adultos compareceram à Estação Alemão do teleférico no complexo de favelas de mesmo nome, para participar de um evento de incentivo à leitura. A festa, dentro do projeto Recicla Leitores, que completou um ano ontem (12).
Dois mil livros arrecadados durante três meses foram doados para quem compareceu. Moradora da comunidade há 38 anos, a costureira Emilce Mara levou os sobrinhos e aprovou o evento. “É maravilhoso, uma oportunidade para as crianças brincarem, se divertirem, coisa que não tinha. É ótimo. Participaram da leitura, brincadeiras, sorteio”.
A escritora Lêda Aristides autografou seus livros e conversou com as crianças. “A gente precisa despertar o gosto de ler e quem sabe um futuro escritor. Eles estão super interessados, estão vindo aqui, conversando comigo, falando sobre o processo de criação, e cada um saindo com pelo menos cinco livros debaixo do braço”. Também foi a primeira vez que Lêda participou de um evento de incentivo à leitura em uma comunidade, fora das escolas. “Vale a pena, porque trazer poesia e sensibilidade é melhor do que trazer armas. Porque a literatura pode ser a arma do bem”, disse.
A criadora do projeto Recicla Leitores, Aline Lucas, explica que a arrecadação de livros ocorre durante três meses e, no fim do período, é feito um evento com escritores e contadores de história para fazer a doação de uma maneira mais lúdica. O projeto é de São Gonçalo e já passou por Itaboraí, Niterói e Jacarepaguá.
De acordo com Aline, a divulgação do evento foi feita em escolas da comunidade e pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). “Estão vindo pessoas de todas as idades, quebrando um pouco essa barreira que eles tinham antes de se aproximar dos policiais que estão aqui não só para dar segurança, mas para patrocinar aulas de reforço, entretenimento durante o ano para essas pessoas”.
Sem apoio formal, Aline busca patrocinadores para estruturar melhor os próximos eventos. “Somos amadores ainda, porque nós estamos precisando desse apoio para estruturar o projeto. O evento no Complexo do Alemão foi visando isso, mostrarmos para as pessoas que o evento tem como acontecer, que ele acontece há um ano com pouco recurso. Com recurso, muito mais poderá ser feito, como deixar nas comunidades oficinas de leitura e de contador de história, para que isso possa agregar valores para a própria comunidade”.
A lista dos locais de recolhimento de livros está disponível no site www.reciclaleitores.com.br.
Edição: Aécio Amado