Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O legado deixado pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92) e os desafios que permanecem desde a sua realização, há 20 anos, é o tema da publicação Rio 92, Para Onde Foi? Rio+20, Para Onde Vai?, lançada hoje (13), em evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O documento traz uma série de entrevistas com especialistas envolvidos nos dois eventos, contendo propostas e ideias sobre questões como o futuro da Amazônia, do Brasil e da América Latina.
Um dos colaboradores da publicação, o embaixador aposentado Flávio Perri, que coordenou a Rio92, destacou que o evento de 20 anos atrás garantiu marcos importantes, como a Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ajudaram o mundo a entender o conceito do desenvolvimento sustentável e a definir metas para alcançá-lo. Ele defende, no entanto, que as nações precisam ser “mais ousadas” em suas propostas atuais.
“Os marcos da Rio92 tiveram desdobramentos importantes. Hoje, por exemplo, não há condições políticas de se discutir desenvolvimento sem incorporar a sustentabilidade, que significa produzir com qualidade tanto para o homem, tendo em vista sua dignidade, quanto para o planeta, que deve ser poupado de exploração excessiva”, afirmou. “Contudo, por mais ousado que qualquer país tenha sido desde então, terá sido pouco ousado. Precisamos agora de muita ousadia”, alertou.
Perri disse, ainda, que a Rio+20 deve ser “visionária” e contribuir para o estabelecimento novos parâmetros de desenvolvimento. “Hoje, medimos o crescimento da economia pelo PIB [Produto Interno Bruto], mas ele é apenas um número desalmado que não traz dados sobre dignidade de vida, se os homens estão sendo atendidos em suas necessidades nesse processo de crescimento, se o modo de organização social está evoluindo para dar maior conforto ao homem sem degradar o meio ambiente”, avaliou.
O líder da Iniciativa Amazônia Viva, da organização não governamental WWF, responsável pela publicação, Claudio Maretti, também define os compromissos assumidos na Rio92 como um marco na história do ambientalismo mundial, mas lamenta que as decisões anunciadas à época não tenham contado com uma “implementação adequada”. Maretti destacou ainda que o principal desafio atualmente é alcançar o equilíbrio entre os estoques de recursos naturais e as possibilidades de oferta.
“Estamos entrando no cheque especial porque consumimos mais recursos naturais do que a Terra, em seus processos ecológicos, é capaz de recompor. Por isso, é fundamental haver o equilíbrio para garantir qualidade de vida, mas sem entrar em dívida”, observou. A publicação está disponível para download no site da rede ambiental WWF.
Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) sobre a Rio+20.
Edição: Lana Cristina