Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Duas empresas do Rio Grande do Sul contrataram os últimos 27 dos 245 haitianos recebidos pelo estado do Acre desde que o país sofreu um terremoto, em janeiro de 2010. De acordo com o Ministério da Justiça, cerca de 5 mil imigrantes do Haiti foram autorizados pelo governo federal a entrar no Brasil desde então.
Inicialmente, os haitianos receberam visto brasileiro de caráter humanitário. A partir de 12 de janeiro, uma resolução interministerial - da Justiça; do Trabalho e das Relações Exteriores - criou um novo de canal de vistos, em que são concedidas cem permissões de entrada no país por mês, a serem emitidas pela embaixada brasileira em Porto Príncipe, capital do Haiti; sem necessidade de comprovação de vínculo empregatício.
Os haitianos recém-contratados no Brasil partiram do Acre terça (8) e devem chegar a Sarandi, no norte do estado gaúcho, por volta das 18h de hoje (11).
Segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre (Sejudh), a maioria dos outros haitianos foram trabalhar, principalmente, em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
As duas empresas gaúchas responsáveis pelas contratações foram a Mirasul – de têxteis, que receberá 13 funcionários – e a Finger – indústria moveleira, que receberá 14. Ambas as empresas arcaram com todos os custos do transporte dos haitianos até o Rio Grande do Sul.
A Mirasul e a Finger explicaram que os principais motivos de terem contratado os imigrantes são a falta de mão de obra disponível e a solidariedade em relação ao grupo.
“Temos que ser humanos para fazer a parte da gente. A empresa não tem nenhum benefício, pelo contrário. Patrocinamos viagem, benefícios e cursos, porque eles não têm conhecimento do trabalho”, disse o diretor administrativo da Mirasul, Bruno Pedro Rech.
Rech informou que o maior desafio dos novos funcionários será aprender português. Depois de um período de adaptação, entre 30 e 90 dias, os recém-contratados receberão treinamento contínuo para as funções que irão exercer. Pela Mirasul, os haitianos terão salário de cerca de R$ 700, mais vale alimentação e transporte.
De acordo com o supervisor de Marketing da Finger, Servílio Luiz Geller, a experiência com a mão de obra de estrangeiros é positiva. Na empresa de móveis, os funcionários deverão receber aproximadamente R$ 900.
“Estamos sem trabalhadores e eles estão procurando emprego, então é uma opção. Já temos senegaleses trabalhando e a experiência deu certo”, explicou Geller.
Os haitianos redigiram uma carta ao governo brasileiro e às empresas que os contrataram, por meio de um porta-voz, em que agradecem o apoio prestado.
“De todo mi corazon, yo uso todas las bocas de los 245 haitianos para obligar [agradecer] por todo que fazer [fizeram] desde el primer dia hasta el ultimo”, escreveu o porta-voz, Edy Theodore.
Edição: Fábio Massalli
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