Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O movimento do governo, por meio dos bancos federais, para diminuir os spreads (diferença entre os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos e as taxas pagas pelos bancos aos investidores), não compromete a disposição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de fomentar o crédito de longo prazo. A avaliação foi feita hoje (11) pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, após participar do seminário Política Industrial no Século 21, no Rio de Janeiro.
Explicou que na medida em que a taxa de juros vem caindo, a diferença entre a taxa básica de juros (Selic) e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), cobrada pelo BNDES em suas operações de financiamento, “está se estreitando mais rapidamente do que se pensava”.
Coutinho acrescentou que na medida em que há a aproximação entre as taxas de curto prazo de capital de giro e as taxas de longo prazo, esse “processo de convergência” torna mais fácil, em uma situação em que a economia está crescendo abaixo do seu potencial, que o governo se esforce para induzir o sistema de crédito a ter juros também de capital de giro mais baixos. O presidente do BNDES constatou que o sistema bancário privado já reagiu de forma positiva a esse desafio.
“O que nós precisamos, disse, é ter a capacidade de induzir a recuperação da economia brasileira para uma taxa condizente com o nosso potencial”. Coutinho advertiu, porém, que a taxa de crescimento depende também do esforço de investimento. “Uma economia que investe mais pode crescer mais, com estabilidade”, disse.
O presidente do BNDES declarou que a meta é elevar a taxa de crescimento do Brasil para 4,5%. “Isso vai depender que o investimento cresça e a taxa de investimento suba de 20% para 22%, 23%, 24% (do Produto Interno Bruto-PIB), que a produtividade suba, que essas coisas aconteçam simultaneamente para poder sustentar um crescimento de 4,5% ou mais”.
Como o país cresce hoje abaixo desse nível, Coutinho afiançou que o esforço do governo está sendo feito para devolver a economia para uma trajetória de crescimento. Ele acredita que, na disputa por juros menores, haveria dinheiro dos bancos privados para atender tanto a demanda de curto, como de longo prazo.
Segundo o presidente do BNDES, existe um “manancial de poupança” concentrado em papéis de curto prazo. E revelou que está em discussão avançada na área econômica a ideia de aperfeiçoar medidas que foram tomadas no final de 2010 para estimular os papéis de longo prazo. Informou que as debêntures privadas de longo prazo já vêm crescendo dentro desse cenário “e podem ocupar um espaço ainda maior. Nós estamos trabalhando nessa agenda”.
De acordo com Coutinho, o governo tem por meta uma agenda construtiva. “Não é só o juro se aproximar dos padrões internacionais, mas também a configuração do sistema brasileiro se aproximar da configuração internacional, onde o sistema bancário privado possa ser capaz de oferecer crédito de longo prazo, onde o mercado de capitais seja uma mola propulsora de financiamento de longo prazo. E a poupança tenha incentivos para migrar para prazos mais longos”.
Edição: Aécio Amado