Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após mais de cinco horas de reunião, a comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga as relações de parlamentares com Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, aprovou hoje (2) o pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do empresário goiano. Ele é investigado por sua possível ligação com jogos ilegais e de liderança de uma rede de influência envolvendo políticos.
A previsão anterior era a de que a CPMI analisasse as movimentações do empresário desde 2006, mas o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), acolheu a sugestão dos demais membros da CPMI e ampliou, no pedido, a quebra de sigilo a partir de 2002. A quebra de sigilo faz parte do plano de trabalho apresentado hoje e aprovado pelo plenário da CPMI.
Além de o pedido de quebra de sigilo, a comissão aprovou o depoimento de Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal (PF), para o próximo dia 15 de maio. Também foi aprovada a convocação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), suspeito de ligações estreitas com o esquema liderado por Cachoeira. O depoimento de Demóstenes ficou agendado para o próximo dia 31 de maio.
O plano de trabalho da comissão também inclui os depoimentos dos delegados que conduziram, na PF, as operações Vegas e Monte Carlo que investigaram as atividades de Cachoeira: Raul Alexandre Marques Sousa e Matheus Mella Rodrigues. A CPMI também aprovou os depoimentos dos procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, além de mais sete pessoas investigadas nos inquéritos.
No rol de testemunhas não está o nome do dono da Delta Fernando Cavendish. De acordo com o relator, inicialmente o foco da CPMI estará voltado para as atividades da construtora Delta na região Centro-Oeste. A comissão aprovou a convocação do gerente da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu, para o dia 29 de maio.
Já no mês de junho, a CPMI passará para uma segunda fase, dedicada a investigar as ligações de Carlinhos Cachoeira com os governos estaduais. O plano de trabalho aprovado, no entanto, não prevê audiências com os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), alvos de reportagens sobre suspeitas de envolvimento com o empresário goiano.
De acordo com Cunha, os governadores poderão ser convocados ao longo dos trabalhos. O
relator agendou a apresentação do relatório final para 23 de outubro, com o objetivo de votar o parecer dois dias depois.
Edição: Aécio Amado