Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o Reino Unido decidiram hoje (25) retirar todos os seus funcionários que trabalham nos ministérios afegãos, após o assassinato de dois oficiais americanos no Ministério do Interior, em Cabul.
"Por motivos de proteção, tomei medidas imediatas para retirar todo o pessoal da Força Internacional de Assistência de Segurança (Isaf), que trabalha em ministérios dentro e fora de Cabul", declarou o chefe da missão, general John Allen.
O general lembrou, entretanto, que a parceria com o governo do Afeganistão continua. Dois americanos integrantes da Otan morreram hoje em um tiroteio no Ministério do Interior afegão. Mais quatro pessoas foram mortas, além de 71 feridas, em uma tentativa de ataque a um complexo da Organização das Nações Unidas em Kunduz, no norte do país. Segundo várias testemunhas, centenas de manifestantes jogaram pedras contra a polícia, que protegia as instalações da ONU.
As mortes ocorrem em meio a violentos protestos contra os americanos, realizados cinco dias depois da queima de exemplares do Corão, livro sagrado dos muçulmanos, em uma base militar americana. A violência já deixou 28 mortos.
O Ministério das Relações Exteriores britânico também anunciou a retirada temporária de todo o seu pessoal das instituições governamentais em Cabul. "Como medida temporária, a embaixada britânica irá retirar seus conselheiros civis das instituições (governamentais afegãs) em Cabul", disse uma porta-voz do Foreign Office, informando que a medida será cumprida imediatamente.
Na madrugada de terça-feira passada, vários exemplares do Corão, confiscados de presos da maior base americana no Afeganistão, em Bagram, foram incinerados, porque, segundo as autoridades, serviam para esconder mensagens entre prisioneiros. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou carta com um pedido de desculpas pelo erro, cometido por "inadvertência" e por "ignorância". Mesmo assim, a tensão não diminuiu. Em Cabul, estrangeiros obedecem aos conselhos de segurança e evitam sair de casa.
*Com informações da Rádio França Internacional (RFI)
Edição: Nádia Franco