Governo amplia número de municípios com avaliações sobre risco de desmoronamento

25/02/2012 - 11h20

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Até o final deste ano, o governo terá mapeado em 285 municípios os riscos de deslizamento de encostas em caso de chuva. A avaliação das condições dessas cidades, baseada em levantamento geológico sobre terrenos considerados vulneráveis (por causa da capacidade de absorção de água, por exemplo), é um dado fundamental para a prevenção de tragédias causadas por enxurradas, que ocorrem em todas as regiões brasileiras.

Atualmente, conforme dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), apenas 36 municípios do Sudeste e 20 do Sul contam com levantamento geotécnico de áreas de risco de deslizamentos. No próximo mês, o centro terá condições de monitorar mais 34 municípios, da Região Nordeste ao Leste do país, onde ocorreram enxurradas em 2010 e 2011.

De acordo com diretor do Cemaden, Reinhardt Fuck, a razão do foco no Nordeste é a aproximação do ciclo de chuvas, que começa em maio na região. Entre os critérios para escolha dos municípios, estão a ocorrência recente de desastres com vítimas e os danos causados à infraestrutura das cidades.

Em dezembro deste ano, 47 municípios do Nordeste terão o levantamento feito pelo Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Ministério das Minas e Energia, a pedido do Cemaden. Na Região Sudeste, serão mapeadas áreas em 144 municípios (quase a metade do total); e no Sul, em 59 cidades. No Norte, serão 28 municípios e, no Centro-Oeste, sete.

O número de municípios com áreas mapeadas até o final do ano equivale a menos de 40% dos 735 que têm pelo menos cinco áreas de risco de deslizamento (dado divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em audiência na Câmara dos Deputados no ano passado.

A falta de informações geológicas “é o calcanhar de aquiles” do Sistema Nacional de Prevenção contra Desastres Naturais, diz Reinhardt Fuck. Segundo ele, há poucos municípios no Brasil com carta geotécnica porque não há geólogos em número suficiente para realizar esse tipo de trabalho no país.

No final do ano passado, o Cemaden tentou contratar geólogos com doutorado (em processo simplificado de seleção nacional), mas nenhum profissional se inscreveu. Por isso, o centro prepara novo edital a ser aberto para a contratação de geólogos estrangeiros.

A falta de pessoal no Brasil para fazer mapeamentos geológicos contrasta com o desenvolvimento de tecnologia de ponta que criada no país para prever catástrofes, como é o caso do modelo matemático Hand (sigla em inglês para altura acima da drenagem mais próxima), que possibilita a previsão do percurso de enchentes de rios que recebam enxurradas.

O modelo, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), será usado pelo Cemaden em conjunto com os mapeamentos geológicos e com a previsão meteorológica.

Edição: Nádia Franco