Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os impactos negativos da crise econômica de 2009 repercutiram nos grandes centros produtivos do Brasil e foram sentidos de maneira mais forte no Rio de Janeiro do que em São Paulo. Essa é uma das conclusões do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado hoje (5) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio. O índice considera as vertentes emprego e renda, educação e saúde.
Enquanto o IFDM fluminense caiu 1,3% em 2009, em comparação a 2008, o índice de São Paulo manteve-se estável, mostrando aumento de 0,1%. Os dois estados mostraram queda na produção industrial, em função da crise, de 3,8% no Rio de Janeiro e de 8,4% em São Paulo. Em consequência, a geração de emprego caiu de mais de 150 mil vagas em 2008, no Rio, para 88,9 mil vagas, em 2009, e de mais de 500 mil para 277,6 mil, em São Paulo, na mesma comparação.
“O Rio de Janeiro sentiu mais o efeito da crise que São Paulo”, avaliou, em entrevista à Agência Brasil, o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Guilherme Mercês. O recuo no índice de desenvolvimento global do Rio de Janeiro em 2009 refletiu a queda de 5,4% no indicador de emprego e renda. Em São Paulo, a retração observada atingiu 2,4%.
“Mas os dois estados cresceram tanto em educação, quanto em saúde”, completou. Em educação, eles mantiveram a classificação de alto desenvolvimento, com crescimento nos índices de 1,8% e 2,2%, respectivamente. No IFDM Saúde, a alta registrada foi 0,5% para os dois estados.
“Em São Paulo, o destaque é a área da educação. Dos 100 melhores IFDMs Educação do Brasil, 98 são paulistas”, disse Mercês.
O IFDM revela também que apesar de ter apenas 92 municípios, contra 645 em São Paulo, o Rio de Janeiro tem um Produto Interno Bruto (PIB) per capita, isto é, por habitante, de R$ 21,5 mil, aproximando-se do PIB per capita de São Paulo, de R$ 24,3 mil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“De fato, a questão do rendimento no Rio tem avançado bastante. Hoje, em termos industriais, o Rio de Janeiro já disputa com São Paulo a primeira colocação em termos de remuneração do trabalhador”. Os dois estados vêm se revezando desde o início de 2010 nessa questão, acrescentou.
Segundo o IFDM, 110 municípios paulistas, ou o equivalente a 17,1% do total, mostraram expansão nas três áreas de desenvolvimento pesquisadas. “São Paulo tem uma participação de municípios de alto desenvolvimento bastante grande. Para se ter uma ideia, dos 100 melhores IFDMs do Brasil, 68 são paulistas. E dos 15 primeiros, 14 são paulistas”, informou. A exceção foi Lucas do Rio Verde (MT).
No Rio de Janeiro, 29 dos 92 municípios (31,5%) tiveram crescimento do IFDM nas três áreas analisadas em 2009, contra apenas duas cidades (Macaé e Campos dos Goytacazes) que registraram queda. Embora o município de Macaé ocupe a quarta posição entre os maiores IFDMs do estado do Rio em 2009, Mercês disse que a cidade sofreu muita retração no setor de emprego e renda. “Mas, mesmo que ela seja sustentada por essa vertente, tanto os indicadores de educação quanto os de saúde têm crescido a reboque do melhor momento do mercado de trabalho daquele município”.
Guilherme Mercês informou que os municípios localizados nos três polos de desenvolvimento fluminense se destacam. São o Polo Sul, do setor metalmecânico; o Polo Capital, que reúne Niterói e o Rio de Janeiro, as duas cidades que lideram o ranking estadual; e o Pólo Norte, voltado à exploração e produção de petróleo.
De modo geral, o economista da Firjan destacou que os dois estados – o Rio de Janeiro e São Paulo – estão bem. “Os estados do Sul e Sudeste estão muito bem na foto. E apesar desses impactos negativos da crise econômica de 2009 terem repercutido nos grandes centros, essas cidades não perderam a preponderância no Brasil em termos de desenvolvimento”.
A crise afetou todas as grandes capitais brasileiras do Sul e do Sudeste, à exceção de Florianópolis, no indicador de emprego e renda do IFDM. “Como Florianópolis tem um mercado baseado em serviços e turismo, conseguiu se sustentar na crise e gerar mais empregos do que tinha gerado no ano anterior”, concluiu.
Edição: Graça Adjuto