Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mais de 6 mil pessoas participaram hoje (22) da 43ª Corrida e Caminhada contra o Câncer de Mama, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. O percurso de 5 quilômetros foi liderado pelo queniano Joshua Kiprugut Kemei, de 28 anos, que venceu na categoria masculina. Entre as mulheres, a vencedora foi a também queniana Eunice Jepkirui Kirwa, de 27 anos.
A prova é realizada desde 1999 em várias cidades do país (como Curitiba, Brasília, Salvador, Ribeirão Preto). Para o produtor executivo do evento, Onésimo Affini, a iniciativa tem resultado, principalmente, na maior conscientização da população sobre o câncer.
“Ao longo de 12 anos, a principal vitória é a desmistificação da doença. O câncer de mama tem cura, só precisa ser encontrado cedo. Um tumor demora muitos anos para crescer, coisa de quatro a seis anos!, disse, ao destacar a importância de as mulheres fazerem o autoexame. “É uma maneira importante de encontrar uma anomalia e procurar um médico, se for o caso. Neste sentido a gente consegue, com o evento, consciência”, destacou o produtor.
Apesar do número de mais de 6 mil participantes, os organizadores contabilizaram 5 mil inscritos. Parte do dinheiro obtido com as inscrições (R$ 40, cada) é doada para instituições de prevenção e tratamento da doença na cidade onde ocorre o evento. Nesta edição, foram arrecadados R$ 80 mil que serão doados ao Hospital Mário Kröeff, que conta com um serviço especializado e atendimento pelo Serviço Único de Saúde (SUS), na Penha, zona norte do Rio.
Os médicos da instituição participaram da corrida hoje, fazendo uma triagem a partir de exames clínicos gratuitos. Foram feitos mais de 60 atendimentos. Quatro casos foram apontados com de alto índice de risco de câncer de mama e foram encaminhados para um diagnóstico mais preciso no hospital.
O chefe do Serviço de Mastologia da instituição, Luiz Antônio Silveira, defende que todas as mulheres façam o exame desde o momento em que a mama começa a se desenvolver. Segundo ele, no caso de pacientes mais jovens, a visita anual ao ginecologista é suficiente, mas, algumas situações, e em pacientes mais velhas, é preciso atenção redobrada.
“Pacientes que já tiveram alguma alteração nas mamas, como hiperplasia, ou pessoas que têm mãe, tia ou irmã com caso de câncer de mama, precisam de atenção maior para identificar a doença no início. [Se houver] qualquer alteração você já dirige o tratamento rapidamente para tentar pegar a doença em fase inicial”, ressaltou o especialista. Ele lembrou que os homens não estão livres da doença. Estatísticas mostram que entre 1% a 2% dos casos de câncer de mama são masculinos. “Na realidade o homem tem a mesma estrutura da glândula feminina, mas não desenvolve”, afirmou o médico.
O câncer de mama é apontado como o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o que mais causa mortes entre as mulheres no Brasil. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), são registrados 50 mil novos casos de câncer de mama todos os anos no país. Do total, 12 mil casos resultam em morte.
Mesmo diante desse cenário, o diretor clínico do IBCC, Marcelo Alvarenga Calil, diz que as pessoas têm procurado mais os serviços de saúde especializados e cada vez mais cedo. "A associação da conscientização da população com equipe médica, mamógrafos, métodos, diagnósticos e tratamento adequados faz com que a gente detecte [a doença] precocemente, conseguindo a cura.”
Edição: Juliana Andrade