Da Telam
Brasília - O cantor popular haitiano, Michel Martelly, assumiu hoje (14) a presidência do Haiti, após um complicado processo eleitoral. É a primeira vez que uma transferência de poder se dá entre dois cidadãos eleitos pelo voto popular no Haiti.
Foi convidado para a cerimônia o ex-ditador Jean Claude Duvalier, o Baby Doc, em prisão domiciliar sob acusação de crimes contra a humanidade e corrupção durante seu mandato. Organizações de direitos humanos acreditam que o convite foi uma afronta às vítimas do regime ditatorial haitiano.
Martelly tem como principal desafio reconstruir um país empobrecido, devastado pelo terremoto do ano passado e que, desde então, enfrenta uma epidemia de cólera. Ele disse que o convite para Duvallier faz parte de um processo de reconciliação nacional.
O coordenador-geral da posse, Fritz Jean Louis, disse que a cerimônia conta com a participação do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, do chanceler francês, Alain Juppé, e do presidente da República Dominicana, Leonel Fernandez.
Em preparação para a transferência de poder, centenas de pessoas limparam e decoraram as ruas da capital, Pirto Príncipe, que ainda mostra muitos escombros do terremoto do ano passado. Como o tremor destruiu o Congress, Martelly tomou posse em uma estrutura de madeira, construída para a ocasião.
Os seguidores do novo presidente escreveram "Bem-vindo, presidente Martelly" em dezenas de muros e nas cercas dos acampamentos, onde ainda vivem 685 mil vítimas do terremoto. O presidente-cantor, conhecido como Sweet Micky (doce Micky), vai se tornar o quarto presidente democraticamente eleito do Haiti nos últimos 60 anos, país onde os golpes de Estado sempre foram bastante comuns.
Martelly atingiu o mais alto cargo do país após um processo eleitoral complicado, com acusações de fraude, mortes, violência e envolvimento de organizações internacionais.
O atual presidente tinha sido o terceiro em número de votos no primeiro turno, ocorrido em novembro. Uma intervenção da comunidade internacional denunciou irregularidades e uma onda de violência tomou conta das ruas. Sob a liderança de Martelly e de outros candidatos, os votos foram recontados. Em 20 de março, Martelly teve a vitória confirmada, com mais de 60% dos votos.
Durante a campanha, Martelly prometeu ir além da reconstrução do Haiti. pretende buscar o fortalecimento de instituições públicas e a implementação de programas sociais que incentivem a criação de emprego, um dos principais problemas da sociedade haitiana.