Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa a vigorar pelos próximos 45 dias sobe de 10,25% para 10,75% ao ano. Foi o terceiro reajuste do ano para uma taxa que começou 2010 em 8,75%, o nível mais baixo desde a criação do Copom, em 1996.
Em nota divulgada há pouco, logo depois do fim da quinta reunião do colegiado de diretores do BC no ano, o Copom afirmou que “avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unani midade, elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano, sem viés [não pode ser alterada até a próxima reunião]”.
A nota acrescenta ainda que “considerando o processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos e externos, o comitê entende que a decisão irá contribuir para intensificar esse processo”.
O aumento da Selic não deve, porém, provocar maior impacto nas taxas de juros das operações de crédito do mercado, de acordo com Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Ele disse que algumas instituições financeiras já anunciaram que não vão reajustar suas taxas de juros, em razão da queda nos índices de inadimplência e da maior competição no sistema financeiro. De qualquer sorte, acrescentou que se houvesse correção plena, de acordo com o aumento da Selic, o efeito no mercado seria muito pequeno.
De acordo com as contas da Anefac, o Brasil tem a taxa de juros mais alta do mundo, entre os países industrializados e aqueles em desenvolvimento. Está acima de 5% reais, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, embora os juros praticados pelos bancos sejam bem mais altos ainda.
Considerando-se uma cesta de seis linhas de crédito oferecidas às pessoas físicas (juros do comércio, cartão de crédito, cheque especial, crédito direto ao consumidor, empréstimo pessoal no banco e empréstimo em financeira) a taxa média atual, de 6,90% ao mês ou 122,71% ao ano, aumentaria para 6,94% ao mês ou 123,71% ao ano.
Edição: Aécio Amado