Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O aumento da taxa básica de juros (Selic) para 10,75% ao ano provocou manifestações de indignação no comércio, repúdio na indústria e desalento nos trabalhadores.
O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro, disse que não haveria necessidade de aumento da taxa de juros, já que a economia está estável e a inflação equilibrada.
O aumento da Selic vai gerar menos investimentos no país, segundo Pellizzaro, e pode até desequilibrar a expansão econômica verificada nos últimos meses, gerando aumento de preços pelo comércio.
Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota logo depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na qual manifesta o “sentimento de repúdio” do setor produtivo pela elevação da Selic.
Os industriais discordam do que chamam de “política equivocada” de aumento dos juros “simplesmente para que as expectativas de mercado não sejam contrariadas”. Eles dizem que os números são bem claros quanto ao arrefecimento da inflação.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, lamenta que o Copom tenha perdido a oportunidade de tirar do Brasil o título de recordista mundial de juros altos. Ele lembra que o aumento de juros já foi adotado em outros governos, trazendo como consequência a recessão da economia.
Única voz destoante, dentre as muitas repercussões na internet sobre o aumento dos juros, foi a do presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Walter Machado de Barros.
Ele acha que o Copom deveria ter mantido o ritmo de alta da taxa Selic em 0,75%, como foi nas duas últimas reuniões do colegiado de diretores do Banco Central. Ele disse que não há clareza quanto à tendência da continuidade de queda da inflação, além de citar a existência de incertezas quanto à retomada do ritmo da atividade econômica, uma vez que, tradicionalmente, tem se verificado aquecimento natural na segunda metade do ano.
Edição: Rivadavia Severo