Empresários cobram de pré-candidatos reformas e mudanças no câmbio

25/05/2010 - 10h59

Luciana Lima e Lourenço Canuto
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O diretor-presidente do Comitê Executivo do Grupo Gerdau, André Gerdau Johannpeter, cobrou dos pré-candidatos à Presidência da República, propostas que garantam à indústria brasileira condições de competir no mercado externo. Durante a sabatina que ocorre neste momento na sede da Confederação Nacional da Industria, em Brasília, com a presença da candidata do PT, Dilma Rousseff, do PSDB, José Serra e do PV, Marina Silva, Gerdau reclamou da valorização do real, das altas taxas tributárias, do alto custo do crédito, do grande volume de encargos trabalhistas e da falta de qualidade na educação que acaba tornando a mão de obra qualificada escassa.

“Precisamos ter isonomia competitiva em um mercado globalizado. Temos que competir com o mundo”, disse o empresário. “O real valorizado causa problemas na competitividade do Brasil. Em outros países, a valorização foi bem menor. Além de tirar a competitividade da industria no mercado externo, esse câmbio traz a ameaça da importação”, destacou o empresário.

Na questão da carga tributária, Gerdau chegou a comparar de forma negativa, o Brasil com a China. “Em um investimento de US$ 355 milhões, no Brasil, antes de começar a produzir, ele já pagou US$ 90 milhões. Nossos concorrentes na China não tem esse custo”, reclamou o empresário que não deixou ainda de falar dos juros altos para financiamento no Brasil. Temos o maior juro real do mundo, 4%. O Brasil é líder indesejável nessa barreira para investimentos”, destacou.

Ao falar dos custos com encargos trabalhistas, Gerdau citou a necessidade de mudança na legislação. “É preciso saber como reduzir encargos trabalhistas. Nossa legislação é antiga, precisa ser reformulada.”

Hoje, a CNI promove uma sabatina com os três principais candidatos e propõe uma série de medidas para garantir o crescimento anual do Produto Interno Bruto em 5,5% ao ano, o que permitiria o aumento da renda per capita em 4,5% anualmente. Assim, a renda per capita poderia dobrar em 15 anos, em vez dos 21 anos atuais.

De acordo com o documento A Indústria e o Brasil – Uma Agenda para Crescer Mais e Melhor, a renda subiria dos atuais US$ 10.465 para US$ 20 mil em 2025, equiparando-se ao patamar de Portugal, da Arábia Saudita e Hungria.

“O Brasil pode e deve crescer mais, no entanto temos observado nos últimos anos um crescimento abaixo das nossas necessidades. Esse crescimento constitui uma grande frustração do setor e queremos conhecer dos candidatos a natureza e o alcance de suas propostas”, comentou Armando Monteiro Neto, presidente da CNI na abertura da sabatina.

Além de Gerdau, o presidente da Federação das Indústria de Minas Gerais, Robson Braga, defendeu a urgência de se fazer uma reforma politica no Brasil que segundo ele, deve ser discutida de forma ampla e aberta.

“Todas as reformas tem sido discutidas. Elas são fundamentais para o país continuar crescendo de forma sustentável e competindo no mercado globalizado. Depende de vontade do presidente da República organizar o país para que elas sejam possíveis”, destacou.

Edição: Talita Cavalcante