Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O que uma comunidade em Guiné-Bissau, no Haiti ou na Bolívia podem ter em comum com uma comunidade brasileira da Amazônia, do Rio de Janeiro ou do Nordeste? Crianças interessadas em conhecer o mundo além de suas fronteiras e se revelar para os estrangeiros.
Essa é a proposta do projeto Olhares Cruzados que desde 2004 já mobilizou 1,5 mil crianças de nove países e 11 estados brasileiros para trocar fotografias, artesanato e pintura e revelar ao outro lado do oceano ou da fronteira histórias em comum.
Dez livros, escritos em duas línguas, com fotos, desenhos e histórias já foram publicados sobre as comunidades em intercâmbio no Brasil, em Angola, Moçambique, Cabo Verde, no Senegal, na República Democrática do Congo, República do Mali, em Guiné-Bissau, no Haiti e na Bolívia.
“As crianças se apresentam e se fazem compreender por meio das fotos que elas tiram delas mesmas e das comunidades onde vivem”, explica Dirce Carrion, coordenadora do projeto Olhares Cruzados, desenvolvido pela organização não governamental Imagem da Vida. “A ideia é fazer troca cultural de lugares geograficamente distantes com histórias comuns”, complementa.
Na última edição, o projeto trocou olhares da comunidade Alto José do Pinho, em Recife (PE), com as comunidades Bissau-Quelelê e Bissau-Pluba II, em Guiné-Bissau; e das comunidades de Pinheiros e Uixi, em Beruri (AM), com comunidades das ilhas de Bubaque e Canhabaque, também em Guiné-Bissau.
Além do intercâmbio cultural, as crianças envolvidas no projeto trataram do direito ao registro civil, problema comum em todas as comunidades. “Escolhemos esse tema para desenvolver a compreensão dos diretos humanos como é o caso do direito à identidade”, informa Dirce Carrion.
O tema do registro civil foi escolhido com apoio da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), ligada à Presidência da República, que iniciou ontem em Cuiabá (MT) a terceira campanha nacional pela expedição das certidões de nascimento. A meta é universalizar, até o fim do ano, o registro de crianças recém-nascidas no Brasil.
Edição: Lílian Beraldo