Congresso no Rio discute deficiências da pecuária leiteira

13/05/2010 - 6h47

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Enquanto a pecuária leiteira nacional cresceu em torno de 40% nos últimos anos em termos de volume de produção, a situação se mostra estagnada no estado do Rio. A avaliação foi feita pelo diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Alberto Figueiredo.   

As deficiências do setor serão discutidas hoje (13) no 2º Congresso Rio Eco Rural, em Nova Friburgo, região serrana fluminense.

O consumo de leite tem aumentado no Rio, mas a participação  da produção interna no consumo tem diminuído. “Nós já chegamos a oferecer ao mercado 70% daquilo que consumimos e hoje oferecemos 22,5%", disse Figueiredo. O principal fator para isso, segundo ele, é que o estado nunca conseguiu organizar o sistema de industrialização e comercialização em torno de empresas fortalecidas economicamente. “São cooperativas ou pequenas usinas pulverizadas que não conseguem ser competitivas no mercado”.

Para o diretor, há também falta de estímulo ao produtor para que invista em tecnologia. “Então,  a nossa produtividade é baixa”. O estado do Rio produz 1,8 mil litros de leite por vaca anualmente, quando deveria produzir, no mínimo, 4 mil litros. Por hectare, a produção fluminense é de 370 litros de leite por ano. Figueiredo afirmou que o estado poderia estar produzindo 10 mil litros de leite por hectare/ano.

“A baixa produtividade  por animal e a utilização inadequada das terras no estado impedem que seja competitivo. Porque o nosso custo operacional aumenta”. O governo fluminense concede incentivos da ordem de R$ 3 milhões por mês que, “teoricamente”, deveriam ser em favor dos produtores, afirmou o diretor. Na sua opinião, isso ocorre porque os grandes incentivos têm sido mais direcionados para as usinas de   beneficiamento do que para os produtores.

Ele explicou que com isso, o preço final resulta menor do que a média nacional, que hoje é de R$ 0,70 o litro. Figueiredo observou que na medida em que o governo destina 11% de incentivo fiscal sobre o preço do produtor, o preço do leite no Rio deveria ser 10% maior do que a média nacional. Ou seja, chegaria em torno de R$ 0,77 por litro.

O rebanho bovino fluminense soma 1,9 milhão de cabeças. Desse total, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 283.541 são vacas leiteiras.

O setor enfrenta entraves, como a deficiência  de assistência técnica especializada, ausência de programas de incentivo ao uso de terras mais planas pela pecuária de leite e estradas mal conservadas que dificultam o transporte diário de leite. O diretor citou também, entre os problemas, os apagões constantes de energia elétrica no interior, que levam o produtor a perder a produção, além da ociosidade das plataformas de industrialização.

No ranking nacional, o Rio de Janeiro ocupa a 13ª colocação entre os produtores. Seis estados, liderados por Minas Gerais, detêm 73% da produção nacional. Os demais são Goiás, Santa Catarina, São Paulo, o Rio Grande do Sul e Paraná.

Edição: Graça Adjuto