Decisão do Copom foi correta, mas momento pode não ter sido o melhor, avalia economista da FGV

28/04/2010 - 20h59

Alana Gandra

Repórter da Agência Brasil

 

 

Rio de Janeiro - A elevação da taxa básica de juros Selic de 8,75% por ano para 9,50% foi uma decisão correta do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), avaliou o economista Cláudio Goldberg, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele tem dúvidas, porém, se o momento para elevar a taxa foi o mais acertado.

 

“O mercado já tinha precificado essa alta dos juros. É justificado”. O caminho adotado foi o correto, tendo em vista o aumento do consumo gerado pela expansão do emprego e da renda das famílias, afirmou. Goldberg destacou, por outro lado, que o crescimento do consumo não foi acompanhado pelo incremento da atividade industrial. “Isso significa que você tem um descompasso entre oferta e demanda”.

 

A consequência do maior consumo registrado pelas pessoas e da não reposição dos estoques é uma pressão inflacionária. “E, aí, para controlar esse aumento da inflação, o Banco Central está aumentando os juros”.

 

O economista da FGV analisou, contudo, que o BC poderia aguardar um pouco mais para ver o efeito que terá a retirada da isenção tributária, no caso o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), sobre alguns segmentos econômicos, como de veículos e eletrodomésticos, porque isso vai aumentar os preços e dar uma “segurada” no consumo.

 

“Eu acho que o BC foi muito conservador, quando poderia aguardar um pouco mais para ver o efeito prático disso”. Avaliou que o aumento da taxa básica vai encarecer o crédito ao consumidor, o que significa um aumento natural no custo de compra. “Vai travar a demanda. Mas, não sei se vai diminuir o preço”.

 

Como este é um ano de eleições, Cláudio Goldberg analisou que a decisão do Copom teve, também, um viés político. “Ou seja, melhor aumentar agora do que deixar o barco correr e dar uma porrada quando chegar em outubro”, afirmou.

 

 

Edição: Aécio Amado