Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (18) que a não proliferação nuclear só será possível quando houver desarmamento. Para ele, é fundamental que o governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, não desperte temor no restante do mundo e aceite negociar com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). Amorim considera adequada a proposta do comando da Aiea ao Irã.
“Não queremos que o Irã desperte temor em outros [países] de que possa ter armas. Por isso, é necessário o acordo. Nós achamos que o acordo proposto pela agência é uma base adequada”, afirmou Amorim, ao participar de um debate sobre temas internacionais, promovido pelo Congresso do PT, em Brasília. Estavam presentes representantes de vários países.
O acordo anterior, proposto pela Aiea e mencionado por Amorim, sugere que o Irã negocie com as grandes potências ocidentais o fornecimento de combustível. Para o chanceler brasileiro, o que falta é buscar o diálogo para tentar o fim do impasse.
De acordo com o chanceler, a alternativa para evitar a não proliferação de armas é o desarmamento. “A verdadeira não proliferação só ocorrerá quando houver desarmamento. Houve vários passos [nesse sentido]. Mas são vários passos, não é possível tudo de uma só vez. Não queremos que haja uma proliferação de armas nucleares”, disse o chanceler, lembrando que o Brasil assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas (TNP) e reitera a posição na Constituição.
A polêmica em torno do Irã ganhou mais força nos últimos dias com o anúncio do governo Ahmadinejad de produzir o urânio enriquecido a 20%. Para especialistas, seria a sinalização de que o país se prepara para a produção de bombas, o que amedronta o resto do mundo. Porém, os iranianos negam essa intenção.
“A única maneira de comprovar se o Irã está falando corretamente é sentar com eles [iranianos]. Se o presidente Ahmadinejad disse que está disposto a produzir urânio levemente enriquecido e a comprar produtos estrangeiros, é necessário conversar. Em um mês, resolvem-se essas dificuldades”, disse Amorim. Segundo ele, o diretor-geral da Aiea, Yukiya Amano, quer vir ao Brasil, mas a data da visita ainda não foi definida.
Em meio à controvérsia provocada pela decisão do Irã de produzir urânio enriquecido, vários países liderados pelos Estados Unidos e pela França ameaçam estabelecer sanções contra o governo Ahmadinejad. A Rússia, recentemente, manifestou-se favorável às sanções, que devem mirar os setores de combustíveis e da construção civil.
Amorim evitou comentar a possibilidade de sanções. Ele disse que há “muitas informações” que são orientadas por “deduções” e que geram especulações. “Queremos contribuir para o diálogo, porque o Irã é uma das situações que inspiram cuidado no mundo. Não desejamos que haja uma proligeração nuclear.”