EUA sugerem compensações a produtos brasileiros para evitar sanções comerciais

11/02/2010 - 6h14

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A batalha comercial entre os Estados Unidos e o Brasil, queameaça retaliar em até US$ 830 milhões os produtos norte-americanos emreação aos subsídios concedidos ao algodão daquele país, levou a uma novaforma de negociação. Desde terça-feira (9), os norte-americanosintensificaram as articulações propondo compensações ao setor têxtilbrasileiro para evitar as retaliações aos seus produtos.Paralelamente,o governo do presidente Barack Obama envia, depois do carnaval, antes da secretária de Estado, Hillary Clinton, umemissário para organizar sua visita. A ideia é que a secretária venha aoBrasil em marçopara articular um acordo comercial. Depois, no segundo semestre, será a vez de Obama vir a Brasília.Atéa visita de Hllary, os negociadores norte-americanos tentam evitar assanções aos seus produtos. Por enquanto não há propostas concretas, masmanifestações dos negociadores norte-americanos sinalizando apossibilidade de um esforço para não haver a retaliação acerca de 222 artigos exportados para o Brasil. Uma das opções jáapresentadas é de compensar alguns produtos brasileiros que sãoexportados para os Estados Unidos, mas não há detalhes.A listade itens que podem ser penalizados ainda está sendo elaborada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). Os negociadores brasileiros, emcontrapartida, insistem que não aceitarão opção alguma queprejudique o algodão brasileiro. A orientação dos ministros das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, e do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior, Miguel Jorge, é de buscar um acordo antes da implementaçãodas medidas – o que deve ocorrer em março.Inicialmente,a Camex pretende fixar as sanções em um total de até US$ 560 milhões. Aretaliação ocorrerá por meio de reajustes na tarifa de importação deaté 100 pontos percentuais. Dessa forma, um produto norte-americano quepaga 12% para entrar no país passaria a pagar 112%.Ontem (10),Amorim disse que se a ameaça do governo dos Estados Unidos de impor umacontrarretaliação ao Brasil for concretizada, os norte-americanosestarão incorrendo em um erro. “Se um país fizer isso[contrarretaliação] estará à margem das negociações internacionais”,disse o chanceler. “Nosso objetivo não é criar problemas com os EstadosUnidos ou qualquer outro país”, afirmou.A iniciativa brasileira de impor sanções aos produtos norte-americanos tem o respaldo daOrganização Mundial do Comércio (OMC). No ano passado, o organismoautorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos em até US$ 830 milhões.A decisão é motivada pelos subsídios concedidos pelo governonorte-americano aos produtores de algodão.