Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em um ano de eleições gerais, com a escolha de seu sucessor,na qual se prevê polarização entre os candidatos do PT e do PSDB, o presidente Luiz Inácio Lula daSilva tenta descolar a política econômica que adotou ao tomar posse, em 2003, da implementada pelo antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que também ficou oito anos no governo. Em entrevista ao Jornal doComércio, de Porto Alegre, o presidente afirmou que apenas a preservaçãodas diretrizes implementadas por Fernando Henrique seriam insuficientespara que seu governo alcançasse os atuais índices de desenvolvimento. Lula ressaltou que “apenas com essas definições depolítica econômico-financeira”, o Brasil não teria se saído “tão bem noenfrentamento da crise financeira internacional”. “Aliás,anteriormente, mesmo exercitando esse tripé [câmbio flutuante, metas deinflação e superávit primário], diante das crises, o Brasil quebrava etinha que recorrer ao FMI [Fundo Monetário Internacional]”, acrescentou.Lula disse quemelhorias na política econômica herdada da gestão anterior foram fundamentais para o bomdesempenho de seu governo. Ele citou, por exemplo, a manutenção da políticade câmbio flutuante, aliada ao acúmulo de reservas, que permitiu aredução da vulnerabilidade externa “e [deu] uma pronta resposta à crisefinanceira”.Segundo o presidente, outro aperfeiçoamento da política do antecessor ocorreucom as metas de inflação, que “foram críveis eadequadas”, além de combinadas com metas de crescimento do Programa deAceleração do Crescimento (PAC). Isso permitiu a reduçãodos juros e a expansão da economia, disse ele.Sobre apolítica fiscal, o presidente lembrou que, desde 2003, a determinação do governo foi combinar a realização de superávits primários comtransferências de renda para as famílias mais pobres, o que levou "àconstituição de um mercado de consumo de massas, incluindo também metaspara os investimentos públicos”.Lula destacou que a política de transferência de renda aos mais pobres beneficia hoje dois terçosda população, que “nunca eram levados em conta na hora de se formular aspolíticas públicas”. E voltou a comparar a atuação do seugoverno com a dos anteriores: “Governos anteriores estavam voltadosapenas para um terço dos brasileiros, os da faixa superior de renda, e se lixavam para o restante.”De acordo com o presidente, a política de ampliação de renda das camadasmais pobres da população, além de representar justiça social e extensão de direitos básicos, aquece o mercado consumidor e incrementaa produção nacional, ao movimentar o comércio de bens e serviços.