Município gaúcho vai testar nova tecnologia contra violência

01/02/2010 - 18h32

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em breve, os moradoresdo bairro Guajuviras, em Canoas, município da Grande Porto Alegre, vão conviver com uma nova tecnologia que, segundo seu fabricante, écapaz de identificar o disparo de uma arma de fogo e acionar apolícia entre 9 e 15 segundos, determinando o local exato no qual otiro foi dado. O Ministério da Justiça estuda expandir o serviçopara outras cidades, caso a experiência gaúcha seja bem-sucedida.O sistema delocalização de disparos - o ShotSpotter, como é chamado em inglês- foi desenvolvido há mais de dez anos. Nos Estados Unidos, já foiimplantado em mais de 50 cidades e teria contribuído para umaredução média de 20% na incidência de crimes com armas de fogo,garante Roberto Motta, um dos diretores da ASI Brasil, representanteexclusiva do produto no país.Segundo Motta, osistema usa uma avançada tecnologia capaz de distinguir o som de umtiro em meio a outros sons urbanos, como um rojão ou o barulho de umescapamento. O ruído é captado por sensores acústicos escondidosem telhados de prédios e casas. Esses sensores podem estar até 3quilômetros do local do disparo.Detectado o disparo, opróprio sistema mapeia, com base em localização GPS, o local exatoonde o tiro foi dado. Um alerta eletrônico é então repassado a umacentral, de onde os operadores podem acionar a viatura policial maispróxima, indicando o endereço da ocorrência.De acordo com Motta, amargem de erro é de apenas dez metros e a única ressalva seriaquando do uso de silenciadores, já que o som do tiro não teria comoser captado nem mesmo pelos sensores acústicos mais próximos. Mesmoassim, a eficácia do produto é garantida em contrato pelo seufabricante, já que a empresa responsável afirma que o sistema devecaptar e acionar a central em pelo menos 80% dos disparos feitos naárea de abrangência dos sensores.A implementação de osistema em Canoas vai custar R$ 2 milhões - que serão repassadospelo Ministério da Justiça, via Programa Nacional de SegurançaPública com Cidadania (Pronasci) – mais a contrapartida municipal,de cerca de 2%, ou cerca de R$ 40 mil, para capacitação dosoperadores - policiais da guarda municipal - e para preparação dacentral.Durante a assinatura doacordo que prevê a liberação dos recursos em até 30 dias, oministro da Justiça, Tarso Genro, deixou claro que Guajuvira serviráde laboratório e que se a experiência for bem-sucedida, poderá serreproduzida em outras cidades, sendo levada para aquelas que jáintegram o programa Territórios da Paz e também para as 12 que irãosediar jogos da Copa do Mundo.Responsável porapresentar a ideia ao ministério, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge(PT), defende que a tecnologia servirá não só para que oscriminosos sejam detidos, mas também para salvar vidas, já que osserviços de atendimento médico poderão ser acionados prontamente.“Em fração desegundos se agiliza não só a força policial, mas também osocorro, de forma que estaremos preservando e salvando vidas ao mesmotempo em que estaremos combatendo a violência”, disse JorgeDe acordo com oMinistério da Justiça, o bairro Guajuviras foi escolhido paraabrigar a primeira experiência com a tecnologia na América Latinapor causa dos índices de criminalidade. Com 70 mil habitantes, em2009 o bairro registrou 50 homicídios - 80% por arma de fogo. Aindasegundo o ministério, o índice de homicídios, que cresceu em média30% a ano entre 2005 e 2009, só parou de aumentar após aimplantação do Território de Paz do Pronasci, no ano passado.